ONU trabalha para estabelecer 'ponte aérea' entre Haiti e República Dominicana
As gangues que controlam a maior parte da capital do Haiti lançaram campanha armada para derrubar o primeiro-ministro
A ponte aérea anunciada na véspera entre o Haiti e a República Dominicana para enviar ajuda humanitária à população haitiana, vítima de uma crise multifacetada, deverá estar "operacional o mais rapidamente possível", informou a ONU nesta quinta-feira (14).
A missão da ONU havia anunciado esta "ponte aérea" na quarta-feira em particular para permitir o "fluxo de ajuda humanitária" ao Haiti, onde o aeroporto internacional permanece fechado.
"A conexão aérea ainda não está operacional. Os colegas trabalham para que esteja pronta o mais rapidamente possível", informou o gabinete do porta-voz da organização, que a princípio havia informado por engano que a conexão já estava operacional.
Esta ponte aérea por helicóptero entre os dois países que compartilham a ilha Espanhola, deve permitir levar "suprimentos" ao Haiti, mas também transportar à República Dominicana o pessoal internacional não essencial da ONU e levar pessoal especializado em gestão de crise e ajuda humanitária, explicou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Ele reiterou a preocupação da ONU com a situação humanitária e a falta de recursos para ajudar a população haitiana.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA), que distribui comida quente em Porto Príncipe - foram 13 mil refeições na quarta-feira - "poderia ter que encerrar este programa na semana que vem por falta de financiamento adicional", alertou Dujarric, acrescentando que o PMA precisa, com urgência, de 10 milhões de dólares (cerca de R$ 50 milhões).
O plano humanitário da ONU para o Haiti em 2024, estimado em cerca de 774 milhões de dólares (R$ 3,8 bilhões), atualmente conta apenas com 3,2% do financiamento (21,6 milhões de dólares ou R$ 107 milhões), lamentou.
As gangues que controlam a maior parte da capital, Porto Príncipe, lançaram há cerca de quinze dias uma campanha armada para derrubar o primeiro-ministro, Ariel Henry, mergulhando o país em um conflito violento com risco de guerra civil e fome.
Ariel Henry aceitou renunciar, após uma reunião de emergência realizada na segunda-feira na Jamaica, da qual participaram representantes haitianos, da Comunidade do Caribe (Caricom), da ONU e de vários países, como Estados Unidos e França.
Mas o plano de transição que permite aos haitianos formar um Conselho Presidencial, anunciado durante a reunião e destinado a restabelecer uma aparência de estabilidade no país, parece estar ameaçado depois que o líder de uma gangue se comprometeu a prosseguir a luta.