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Ex-secretário do Tesouro de Trump quer comprar o TikTok, em meio a disputa com a China

Autoridades da China acusam os Estados Unidos de agirem com a 'lógica de um criminoso' ao obrigar a venda do aplicativo

TikTok enfrenta resistência nos EUA - DOULIERY Olivier Douliery/AFP

O ex-secretário do Tesouro dos EUA durante a presidência de Donald Trump, Steve Mnuchin, indicou que quer reunir investidores para comprar o TikTok, em plena disputa com a China após a aprovação na Câmara dos Deputados americana de um projeto de lei que poderá proibir a rede social no país.

O aplicativo de vídeos curtos é um dos mais populares do mundo. Mas o fato de pertencer ao gigante tecnológico chinês ByteDance, supostamente subordinado ao Partido Comunista Chinês, preocupa as potências ocidentais.

A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou, na quarta-feira, por grande maioria, um projeto de lei que forçaria o TikTok a se separar de sua controladora na China ou correria o risco de o aplicativo ser banido no país.

Steve Mnuchin anunciou, nessa quinta-feira, que está preparando um plano de compras.

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“Acho que deveria ser vendido”, disse Mnuchin à CNBC, garantindo que o Tiktok é “um grande negócio e (…) deveria ser propriedade de empresas americanas”.

O projeto ainda precisa ser aprovado no Senado dos EUA, onde o resultado é incerto.

Da China, onde o app não está disponível, as autoridades acusaram os Estados Unidos de agirem com a “lógica de um criminoso” e de impedirem um ambiente “aberto, justo, equitativo e não discriminatório” para as empresas estrangeiras.

“Os Estados Unidos deveriam respeitar os princípios de uma economia de mercado e de concorrência leal e parar de suprimir injustamente as empresas estrangeiras”, disse o porta-voz do Ministério do Comércio, He Yadong.

Por sua vez, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, denunciou que a votação no Congresso americano “vai contra os princípios da concorrência leal e dos padrões econômicos e comerciais internacionais”.

"Se as chamadas razões de segurança nacional podem ser usadas para suprimir arbitrariamente empresas excelentes de outros países, então não há equidade e justiça alguma", disse Wang.

“Quando alguém vê algo de bom que outra pessoa tem e tenta tomar para si, estamos diante da lógica de um criminoso”, disse.

No entanto, o embaixador dos Estados Unidos na China, Nicholas Burns, descreveu como “extremamente irônica” a posição de Pequim, que bloqueia redes sociais ocidentais como o Facebook e o X no seu território e exerce uma forte censura na Internet.

“Acho extremamente irônico que representantes do governo na China tenham criticado os Estados Unidos pelo debate que estamos tendo atualmente sobre o TikTok”, disse ele.

“Eles nem disponibilizam o TikTok para 1,4 bilhão de chineses”, respondeu ele.

Os legisladores dos EUA aprovaram o projeto por 352 votos a favor e 65 contra, uma rara demonstração de unidade num legislativo estreitamente dividido.

 

Por sua vez, a Casa Branca confirmou que, se for finalmente aprovada, o presidente Joe Biden assinará a lei, oficialmente conhecida como Lei de Proteção dos Americanos contra Pedidos Controlados por Adversários Estrangeiros.

Não está claro, porém, como o Senado votará, onde alguns legisladores são cautelosos em tomar medidas drásticas contra um aplicativo que tem 170 milhões de usuários, só nos Estados Unidos.

O TikTok sempre negou estar sob o controle do Partido Comunista. O seu presidente executivo, Shou Zi Chew, instou os utilizadores a manifestarem-se contra a votação e vários criadores de conteúdos no TikTok consultados pela AFP manifestaram a sua oposição à lei.

O app está há muito tempo no centro das tensões entre a China e os Estados Unidos, que entram em conflito por questões tecnológicas, comerciais e de direitos humanos.

Os reguladores europeus também estão preocupados e a Comissão Europeia questionou o TikTok e outras plataformas como Facebook, Google e especialmente face aos processos eleitorais.

Também na quinta-feira, a autoridade da concorrência italiana multou a TikTok em 10 milhões de euros (R$ 54,4 milhões pelo câmbio atual) por não proteger suficientemente os menores de idade.