NOVA YORK

Escalada como socióloga por Lula, Janja tem primeira viagem internacional "solo"

Primeira-dama fala sobre politica de gênero, enquanto representação feminina no governo é deficitária

Janja Lula da Silva participa de evento do PNUD América Latina e Caribe em NY - Claudio Kbene/PR

A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, fez a sua primeira viagem internacional no mandato, na semana passada, sem estar acompanhada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em Nova York para participar de evento da ONU, ela dedicou a semana para reforçar internacionalmente a política de gênero que está sendo construída pelo governo federal.

Dentro do Brasil, porém, a representação feminina no governo ainda é baixa. No governo federal, como o Globo mostrou, as mulheres ainda ocupam menos da metade dos postos em ministérios do governo petista: 45% dos cargos de confiança das pastas são ocupados por mulheres, mesmo patamar da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lula também já sofreu críticas por ter indicado dois homens para as vagas no Supremo Tribunal Federal (STF). Após ter escolhido o advogado Cristiano Zanin para uma das cadeiras, o presidente decidiu colocar seu ex-ministro da Justiça Flávio Dino na vaga aberta com a aposentadoria de Rosa Weber na Corte.

Janja chegou a criticar a falta de mulheres na Suprema Corte. Hoje, há apenas a ministra Cármen Lúcia. Janja afirmou ainda que Lula tinha "muito o que aprender" com as mulheres.

"Toda vez que eu chego lá num evento no Supremo, eu vou direto para ela (Cármen Lúcia). Porque eu sempre entro naquela sala, e é uma sala muito masculina. Aquilo me incomoda muito, e aí eu sempre busco a ministra Cármen lá. Eu espero, realmente, é um espaço muito difícil, mas eu espero que ainda esse espaço possa ser de mais mulheres" afirmou, em março.

Mais de dez reuniões
Ao lado da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, Janja fez mais de dez reuniões bilaterais na semana passada, participou de eventos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), de café da manhã com delegações e discursou durante a Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres. Janja era a única primeira-dama no meio das delegações de 193 países que participaram da reunião da ONU.

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Em um dos discursos, disse que Lula determinou a transversalidade de gênero no G20, grupo que está sendo presidido pelo Brasil, mas fez uma ressalva sobre a dificuldade pelas discussões serem conduzidas majoritariamente por homens:

"A gente sabe da dificuldade que é. A gente discute nesses fóruns, mas aí os homens se reúnem no G7, G20 e decidem sobre a vida."

Ruth Cardoso
O presidente designou Janja, no início do mês, na condição de socióloga, para participar do evento. Ela não tem não tem um cargo oficial na estrutura do governo, mas se mantém como uma das conselheiras mais influentes do presidente.

Essa, no entanto, não foi a única vez que uma primeira-dama se envolveu em discussões sobre o direito das mulheres em eventos organizados pela ONU. Em 1995, Ruth Cardoso participou em Pequim da IV Conferência Mundial sobre a Mulher, junto com 189 governos e mais de 5.000 representantes de 2.100 ONGs.