Folha Imóveis

Refúgios residenciais: praia ou campo?

Opção por segunda moradia visa a busca por tranquilidade, conforto e qualidade de vida, mas a localização do imóvel é uma condição importante

O LITORAL É UMA DAS PRINCIPAIS OPÇÕES POR QUEM BUSCA UM SEGUNDO IMÓVEL - Divulgação

Os últimos acontecimentos históricos, como a pandemia do coronavírus, por exemplo, trouxeram para o mundo a inclusão de novas tendências. A viabilidade do trabalho remoto em qualquer lugar é uma delas. E a possibilidade de trabalhar fora do ambiente comum despertou em grande parte das pessoas o desejo de buscar um lugar mais calmo, tranquilo e relaxante, fugindo dos grandes centros urbanos. 

Um dos fatores que contribuem para a escolha ideal para a segunda moradia é a busca por tranquilidade, conforto e qualidade de vida. A localização também é uma condição importante. O comprador de uma segunda residência opta, normalmente, por imóveis que possuam  paisagens turísticas, com áreas verdes, ou litorâneas, e que prezam pela segurança.

“Há uma visão nítida do crescimento da segunda moradia a partir da pandemia, já que é mais confortável trabalhar olhando para o mar do que, por exemplo, estar no escritório. O cenário é um diferencial. Muitas pessoas acabam unindo o útil ao agradável e utilizando essa segunda moradia também como um investimento, consequentemente, uma nova fonte de renda”, explica o economista e corretor Fábio Maia. 

Fábio Maia, economista e corretor | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

No cenário local, o Nordeste desponta como uma das regiões com maior potencial para o negócio, devido ao seu forte apelo turístico. A região atrai não apenas famílias brasileiras, mas também de todo o mundo, em busca de uma experiência temporária de segunda residência, especialmente durante a alta temporada.

A intenção deste público é desfrutar dos benefícios de uma segunda moradia, podendo assumir a responsabilidade e os custos de forma parcial sobre o imóvel. “Além de ser ideal para seu lazer pessoal, a segunda residência pode ser uma fonte de renda adicional por meio do aluguel. Locais como condomínios náuticos próximos ao litoral, ou em cidades turísticas, têm potencial para gerar receita ao longo do ano, com picos ainda maiores durante a alta temporada”, completa Maia.

Vista para o mar ou para o campo

Geralmente, a dúvida de quem vai adquirir seu segundo imóvel se divide em: praia ou campo. Um fator decisivo para esta escolha é o clima. No Nordeste, por exemplo, as temperaturas permanecem altas durante todo ano, o que faz com que o extenso litoral seja a opção majoritária para a segunda moradia.

Além do calor e das belezas naturais, outra condição que favorece a tomada de decisão pelos imóveis praianos é o fato de o Nordeste ser uma região muito movimentada e bem abastecida na malha aérea. De acordo com a Aena Brasil, empresa que administra o Aeroporto Internacional dos Guararapes no Recife, o terminal aéreo é o que possui mais fluxo do Nordeste.

A praia de Porto de Galinhas, um dos destinos mais famosos, foi eleita a oitava cidade mais acolhedora do mundo pelo prêmio Traveler Review Award 2023, da plataforma Booking.com. Com uma área costeira conhecida mundialmente, Pernambuco é um dos polos mais visados para a construção de imóveis de veraneio.

O termômetro é a quantidade de empreendimentos já lançados e com previsão de lançamento para os próximos anos. “Falando do Litoral Sul de Pernambuco, já existem praias quase com escassez de terrenos para novos empreendimentos. Mas há potencial em outros locais além da conhecida Porto de Galinhas. São exemplos: Enseadinha, Sirinhaém (Guadalupe), Carneiros, Tamandaré , Serrambi, São José da Coroa Grande, assim como as praias do Litoral Norte de Alagoas”, diz Renata Miranda, diretora do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE). “Outro ponto que com certeza irá impactar positivamente para o crescimento da região é a duplicação da BR na área e a construção do aeroporto em Maragogi”, afirma. 

Renata Miranda, diretora do Secovi-PE | Foto: Walli Fonenele/Folha de Pernambuco

Na região, os imóveis prezam por estruturas abundantes e de alto padrão, tendo os moradores acesso a uma infraestrutura completa. “Nessa região os lançamentos são em número e, principalmente, em qualidade. Hoje existem empreendimentos de casas e apartamentos de um até seis quartos e que chegam ao patamar de R$ 7 milhões”, acrescenta Renata.

Para quem prefere a vista verde da natureza e a calmaria das casas de campo, novos destinos entraram no radar dos imóveis rurais. Locais como Vitória de Santo Antão, Carpina, Bezerros, Serra Negra, Bonito e Garanhuns se juntaram à “Suíça brasileira”, como é conhecida a cidade de Gravatá, no Agreste, rota predominantemente escolhida para a segunda moradia no campo. “Esses destinos começaram a se tornar mais visados por pernambucanos e nossos vizinhos paraibanos e alagoanos”, constata Miranda. “O que contribui muito para o desenvolvimento e atração nessas cidades é o investimento na infraestrutura, como por exemplo, a chegada de um outlet às margens da BR-232, que não se limita a atender a população local, mas também do seu entorno. Além disso, essa área campal é propícia para a comercialização dos mais diversos tipos de imóveis, como lotes, casas e flats”, diz.

Uma casa no campo é outra opção para quem quer conforto, tranquilidade e qualidade de vida | Foto: Divulgação

Mercado convidativo

As plataformas de acomodação temporária, seguidas das mudanças comportamentais causadas pela pandemia, transformaram o mercado imobiliário nos últimos anos. Em Pernambuco, o cenário é de otimismo diante da expectativa de um novo ciclo de significativos investimentos, tanto públicos quanto privados. Estes investimentos têm o potencial de impulsionar a economia local, com a injeção de bilhões de reais, similar ao cenário vivenciado na segunda metade dos anos 2000. 

Com essa perspectiva, aliado ao projeto turístico do Estado, há uma atração de mais investidores, principalmente na área costeira. Segundo o Secovi-PE, desde 2015 é notória a evolução e desenvolvimento do mercado imobiliário nesta área, quando muitos empreendimentos comerciais começaram a investir em locações por temporada, o que despertou, ainda mais o interesse das pequenas e grandes construtoras na região, consolidando o mercado imobiliário do litoral.

Novos acessos de investimento

O mercado imobiliário na praia há alguns anos deixou de ser aposta e virou realidade. A princípio, seu maior público são os mais capitalizados. Nos últimos anos, porém, esse nicho atraiu a atenção daqueles que nunca pensaram na possibilidade de ter sua “casa de veraneio” e que perceberam, pela quantidade de ofertas e pela facilidade de aquisição, que havia grandes chances de ver esse sonho tornar-se realidade. 

“Além das ofertas, o fator decisivo para esse sucesso foram as mais variadas formas de comercialização dos empreendimentos, com unidades compactas a partir de um preço mais acessível, por exemplo”, diz a diretora do Secovi. “Outro ponto que beneficiou foram as construções em regime de condomínio fechado, com possibilidade de planos diretos de financiamento com bancos privados, ou seja, um financiamento de boa parte do valor do imóvel, chegando até a 90% com crédito garantido pela Caixa Econômica Federal”, explica. 

As ofertas e as formas facilitadas de pagamento acabaram atraindo também as médias e grandes construtoras, interessadas em um gigante mercado antes só abrangido pelos pequenos construtores locais.