Havana

Estudo descarta lesões cerebrais importantes por Síndrome de Havana

O estudo, realizado por pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, sigla em inglês) e publicado nesta segunda-feira (18)

EUA - Angela Weiss/AFP

Pessoas que afirmam sofrer da Síndrome de Havana, um distúrbio inexplicável que afetou dezenas de diplomatas americanos, passaram por testes médicos que não revelaram lesões cerebrais importantes, de acordo com um estudo de uma agência de saúde dos Estados Unidos.

O estudo, realizado por pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, sigla em inglês) e publicado nesta segunda-feira (18) na revista JAMA, examinou 81 pacientes que experimentaram "incidentes de saúde anormais", segundo a terminologia utilizada nos Estados Unidos.

Esses distúrbios (enxaquecas, tonturas, náuseas, problemas de visão, etc.) afetaram pela primeira vez diplomatas americanos e canadenses em Cuba em 2016, daí o nome "síndrome de Havana".

Também houve queixas de males inexplicáveis por parte de funcionários americanos na China, Rússia, Europa e até mesmo em Washington, o que motivou uma investigação mais aprofundada pelo governo dos Estados Unidos.

Os cientistas têm levantado várias hipóteses sobre a "síndrome de Havana", sem chegar a uma explicação conclusiva.

Os pesquisadores dos NIH tentaram identificar lesões cerebrais comparando os resultados de ressonâncias magnéticas entre pacientes que alegam ter a síndrome e um grupo de controle.

O estudo "não revelou nenhuma diferença importante [...] na estrutura ou função do cérebro" entre os indivíduos dos dois grupos, afirmam.

Em outro estudo dos NIH, também publicado nesta segunda-feira na JAMA, os pesquisadores tentaram identificar diferenças nos marcadores biológicos entre as pessoas afetadas e um grupo de controle.

Eles também não detectaram "diferenças importantes", exceto "avaliações objetivas e auto-relatadas de desequilíbrio e sintomas de fadiga, estresse pós-traumático e depressão".

Ambos os estudos, no entanto, foram criticados em um editorial, também publicado pela JAMA nesta segunda-feira e escrito por David Relman, microbiologista da Faculdade de Medicina de Stanford.

Segundo este pesquisador, que trabalhou sobre esses "incidentes de saúde anormais", "embora o estudo dos NIH tenha utilizado técnicas avançadas de imagem cerebral, a tecnologia atual de ressonância magnética é potencialmente insensível ou está mal calibrada" para determinadas características desses distúrbios.

Os sintomas "existem"
Segundo Leighton Chan, autor principal de um dos dois estudos e citado em um comunicado dos NIH, apesar desses resultados, "é importante reconhecer que esses sintomas existem, causam alterações significativas na vida daqueles que os experimentam e são afetados, e podem ser bastante duradouros, incapacitantes e difíceis de tratar".

A "síndrome de Havana" tem sido objeto de especulações generalizadas desde o início sobre sua origem.

Inicialmente, alguns funcionários minimizaram e atribuíram o problema ao estresse, mas outros suspeitaram que a Rússia ou outro país estavam realizando campanhas contra americanos.

Havana negou repetidamente qualquer ataque desse tipo.

Há um ano, as agências de inteligência americanas consideraram "muito improvável" que uma potência estrangeira ou uma arma tenham causado essa síndrome.

Em 2017, o governo do presidente republicano Donald Trump alegou esses sintomas misteriosos, descritos como "ataques sônicos", para reduzir ao mínimo o pessoal na embaixada americana em Cuba.