fraude

Certificado falso de vacinação de Bolsonaro foi emitido do Palácio da Alvorada, diz PF

Ex-presidente e outras 16 pessoas foram indiciadas por crimes como associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação

Ex-presidente Jair Bolsonaro - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) identificou que o tenente-coronel Mauro Cid emitiu um certificado de vacinação falso do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua filha de dentro do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Cid acrescentou, em sua delação premiada, que imprimiu o cartão e entregou diretamente a Bolsonaro. O ex-presidente, Cid e outras 15 pessoas foram indiciadas por crimes como associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação.

Os detalhes de como se deu a falsificação está no relatório final da investigação. A PF montou uma linha do tempo dos acontecimentos. Às 7h57 do dia 22 de dezembro de 2022, há um registro de entrada de Mauro Cid no Alvorada. Um minuto depois, ele fez login em um dos computadores do local. Às 7h59, acessou a conta de Bolsonaro no ConecteSUS, aplicativo do Ministério da Saúde. Em seguida, às 8h, emitiu o certificado.

Por fim, Cid imprimiu, às 8h01, dois arquivos com os seguintes nomes: “Certificado de Vacinação Covid-19” e “Covid 19 National Vaccination Certificate”.

De acordo a PF, o inquérito visava esclarecer se teriam sido forjados dados do certificado de vacinação de parentes do ex-presidente, como de sua filha, Laura Bolsonaro, de 12 anos. Em maio do ano passado, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa da família e de prisão contra ex-funcionários, como Cid.

Ao longo de sua gestão, Bolsonaro se recusou a informar se tomou a vacina contra a Covid-19. Questionado por meio de Lei de Acesso à Informação, o governo impôs um sigilo de até cem anos aos dados sob a justificativa que isso se referia à vida privada do então presidente.

O advogado Fabio Wajngarten, que defende Bolsonaro, lamentou o “vazamento” da informação do indiciamento do ex-presidente pela PF. Segundo ele, o ato deveria “ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial”