FRANÇA

Macron anuncia 'operação sem precedentes' contra o tráfico de drogas em Marselha

Até o momento, foram realizadas 80 detenções e cerca de 140 mil euros foram apreendidos

Emmanuel Macron - Gonzalo Fuentes/Pool /AFP

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (19) em Marselha, no sul do país, o início de "uma operação sem precedentes" contra o tráfico de drogas que assola a segunda maior cidade do país.

"Em Marselha e em outras cidades da França, lançamos uma operação sem precedentes para acabar com o tráfico de drogas, garantir a ordem republicana, 'limpar' o local", disse o presidente francês na rede X, em uma visita surpresa à cidade mediterrânea.

A operação, denominada "Place nette XXL", em referência a uma expressão que significa "limpar", mobilizará um número significativo de policiais durante várias semanas.

Durante este primeiro dia, foram realizadas 80 detenções e 140 mil euros (R$ 763 mil reais na cotação atual) foram apreendidos, segundo uma fonte oficial.

Outra fonte próxima ao caso garantiu que 4.000 policiais e agentes serão mobilizados por semana na cidade, bem como em localidades próximas, por um total de três semanas.

A visita de Macron ao principal porto francês do Mediterrâneo ocorre duas semanas depois que um grupo de magistrados exigiu fortes medidas contra os traficantes de drogas, fazendo um apelo por um regime prisional especial e um tribunal específico.

As gangues travam uma guerra pelo controle dos lucrativos pontos de venda de drogas em Marselha, que viveu seu ano mais sangrento em 2023: 49 pessoas assassinadas, incluindo quatro vítimas colaterais, e 123 feridos.

"As drogas são nossas inimigas" 
"O tráfico de drogas é um flagelo crescente" e "a situação é muito difícil" tanto em Marselha como em "cada vez mais cidades, incluindo cidades de média dimensão", reconheceu o líder centrista. "Sim, as drogas são nossas inimigas", continuou.

A visita de Macron ocorre depois de várias detenções das duas principais gangues – "DZ máfia" e "Yoda" – que lutam pelo controle do tráfico de drogas em Marselha.

Treze supostos membros da "DZ máfia" foram presos na semana passada em Marselha, em Rennes, no oeste, e em outras cidades do sudeste do país, como parte de uma investigação sobre uma tentativa de assassinato na Espanha.

"A ideia é ter uma situação claramente apurada e ter um impacto muito forte nas próximas semanas", declarou, ao lado de Macron, o novo prefeito de polícia do departamento de Bouches-du-Rhône, Pierre-Edouard Colliex.

Garantindo operações "sem precedentes", o presidente francês explicou como funcionarão.

"Com base no trabalho de base que vem sendo feito há vários anos, identificamos os casos que eram conhecidos, as pessoas (...) que sabemos que impossibilitam a vida de um bairro, desde seus altos comandos até seus apoiadores mais locais", disse.

Esta identificação permitiu que chegassem a "criminosos muito perigosos", mobilizando "cerca de 900 forças policiais, gendarmarias e agentes alfandegários" desde segunda-feira, acrescentou.

O açougueiro Youssouf Issilamou, de 32 anos, que trabalha ao norte de Marselha, relatou que "antes a polícia vinha uma ou duas vezes por dia. Agora eles estão sempre aqui, fizeram um bom trabalho com as drogas".

"Como comerciante é uma boa notícia, há pessoas que já não se atrevem a vir ao bairro", completou.