SAÚDE

Picacismo: entenda a doença rara que faz as pessoas comerem móveis, vidro e cabelo

Stacey A'Hearne descobriu que a filha Wynter sofre com um distúrbio raro que a faz comer pedaços da casa onde moram

Mãe percebeu que a filha, de três anos, tinha começado a comer pedaços de móveis - Reprodução

Stacey A'Hearne, de 25 anos, descobriu que a filha sofre com um distúrbio raro que a faz comer pedaços da casa onde moram em Blackwood, País de Gales. O picacismo é uma condição que leva pessoas a comerem objetos sem qualquer valor nutricional, como paredes, sofás e até vidro.

De acordo com a enciclopédia Britannica, para muitas pessoas, a Alotriofagia é benigna e de curto prazo, mas para outras pode durar a vida inteira, o que pode acarretar riscos, dependendo do que foi ingerido.

O distúrbio ocorre com pessoas de todas as idades a partir dos 24 meses. Ele pode ser visto com maior frequência em crianças menores de seis anos, grávidas e pessoas com condições de saúde mental, como transtorno do espectro do autismo (TEA) e esquizofrenia.

O nome tem origem do pássaro Magpie — conhecido como Pega — uma espécie de ave que também tende a comer itens não alimentares. Os itens mais consumidos por pessoas incluem terra, argila, giz, carvão, lascas de tinta, fezes humanas, animais, cabelo, borra de café, cascas de ovo, amido cru, papel, dentre outros.

Stacey percebeu pela primeira vez os hábitos alimentares incomuns da filha, batizada de Wynter, quando ela ainda era bebê. No entanto, desde que a menina, que também apresenta um quadro de autismo, se tornou não-verbal, os desejos por objetos diferentes começaram a aparecer com mais frequência. A mãe encontrou a filha comendo gesso das paredes, espuma de estofado e roendo a lateral de uma cadeira alta. Além disso, a bebê também começou a acordar durante a noite para mastigar o berço e o cobertor.

 

O que pode causar a doença?
Segundo o Britannia, cientistas e médicos ainda não identificaram a causa do picacismo. Algumas pessoas com o distúrbio apresentam deficiências nutricionais, mas as causas diretas ainda não foram estabelecidas. Os estudos utilizaram diferentes definições do transtorno, o que dificultou conclusões cientificas precisas. Alguns estudos encontraram associações com fatores psicológicos como estresse, ansiedade, negligência ou abuso infantil.

Riscos que a doença pode gerar
Os riscos à saúde estão atrelados ao tipo de coisa ingerida. O gelo pode ser inofensivo, mas mastigar em excesso pode danificar os dentes. Já terra, argila e fezes podem conter parasitas e bactérias nocivas. Cabelo, por exemplo, pode ficar preso na garganta, estômago ou intestino, e causar asfixia ou bloqueios.

Crianças com o distúrbio tendem a melhorar à medida que envelhecem, apesar de que frear esse tipo de distúrbio pode ser complicado. O diagnóstico é realizado após o aparecimento de sintomas, como dentes danificados, ou depois que as pessoas informarem ao médico sobre o costume. Além disso, pode envolver a realização de testes para detectar infecções, envenenamento ou desequilíbrios eletrolíticos ou o uso de técnicas de imagem, como raios X, ultrassom ou ressonância magnética (MRI), para procurar sinais de bloqueios ou danos no sistema digestivo.