SAÚDE

Remédio contra câncer: laboratório alemão quer lançar medicamento que trata doença em 2026

Empresa BioNTech compete com a americana Moderna, que prevê comercialização de vacina contra câncer de pele em 2025

Remédio - Pixabay

O laboratório alemão BioNTech, que desenvolveu uma das vacinas contra a Covid-19, junto à Pfizer, anunciou nesta quarta-feira que pretende comercializar seu primeiro tratamento contra o câncer em 2026. O medicamento que promete ser inovador usa a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA) para fortalecer o sistema imunológico contra a doença.

“A empresa pretende continuar a desenvolver os seus projetos tendo em vista o seu primeiro lançamento em oncologia previsto para 2026”, afirmou a BioNTech, em comunicado à imprensa.

Atualmente, o laboratório desenvolve diversas terapias contra diferentes tipos de câncer — como melanoma, próstata, cabeça e pescoço, ovário, pulmão, colorretal —, imunoterapias e vacinas, que passam por testes clínicos. A BioNTech espera obter autorizações para comercializar dez destes tratamentos até 2030, segundo o comunicado.

Depois de vender milhões de doses da sua vacina anti-Covid desenvolvida com a gigante americana Pfizer, a BioNTech reinvestiu os seus lucros na investigação do câncer, especialidade inicial do laboratório, criado em 2008 por dois pesquisadores em oncologia.

Tecnologia do RNA
A tecnologia do RNA mensageiro oferece novas perspectivas para o desenvolvimento de terapias que prometem ser inovadoras contra o câncer. Esse modelo de tratamento sofre é alvo de uma de intensa competição entre diversos gigantes do mercado farmacêutico.

O laboratório americano Moderna, um dos rivais da BioNTech, espera que a sua vacina terapêutica contra o câncer da pele, atualmente em testes, seja aprovada em 2025. As terapias estudadas pelas empresas não visam combater diretamente as células cancerígenas, mas fortalecer o sistema imunológico dos pacientes para que possam enfrentar a doença com mais eficiência.

Desafios do desenvolvimento
Uma das dificuldades é lidar com a “heterogeneidade e variabilidade” dos tumores, diferentes de um paciente para outro, combinando “diferentes mecanismos de ação”, explica a BioNTech.

— Existem muitos tipos de câncer em diferentes fases e a doença difere de um paciente para outro — explicou Ugur Sahin, cofundador da BioNTech, ao jornal Bild em novembro.

Decodificar todas as mutações possíveis é uma tarefa de longo prazo, tornando o desenvolvimento de tratamentos contra a doença mais complexo do que o da vacina contra a Covid.

— Nosso objetivo é desenvolver uma vacina contra o câncer feita sob medida para cada paciente — disse Sahin ao Bild.

Depois do salto nas receitas graças às vendas da vacina com a Pfizer, a empresa sediada em Mainz, no oeste da Alemanha, viu o seu volume de negócios voltar ao normal, nos 3,8 mil milhões de euros no ano passado, face aos 17,3 mil milhões em 2022.