Parque das Esculturas de Brennand é entregue à população após três anos em reforma
A revitalização do espaço, que abriga cerca de cem obras de arte em cerâmica e bronze, contou com um investimento de R$ 9,5 milhões
Após passar três anos fechado para revitalização, o Parque das Esculturas de Francisco Brennand reabriu na tarde desta quinta-feira (21), depois de passar por uma grande requalificação financiada pela Prefeitura do Recife.
Construído sobre o molhe dos arrecifes, que fica em frente ao Marco Zero, o equipamento é considerado um dos principais museus ao ar livre do Brasil.
O espaço, que pertence ao Porto do Recife, abriga cerca de cem obras de arte em cerâmica e bronze, como ovos, pelicanos, atobás, totens e a icônica serpente marinha de 22 metros, que estão distribuídas linearmente em 500 metros da área de cerca de 2,6 mil metros quadrados, com destaque para a Coluna de Cristal, do artista pernambucano Francisco Brennand, com 32 metros de altura e confeccionada em bronze, a estrutura pode ser observada do Marco Zero.
As melhorias incluem, principalmente, o restauro das obras de arte do artista plástico que haviam sido vandalizadas e furtadas ao longo dos anos, desde a sua abertura no ano 2000. As peças ajudam a contar, de maneira simbólica, parte da história pernambucana por meio de elementos artísticos criados pelo artista plástico.
Inaugurado no ano 2000, em comemoração aos 500 anos do descobrimento do Brasil, o Parque de Esculturas integra o projeto "Eu vi o mundo... ele começava no Recife", batizado com o nome de um painel do pintor pernambucano Cícero Dias.
Além do restauro das obras, a requalificação do local conta também com um novo píer, banheiros, bicicletário, bancos, e melhorias em geral na estrutura do espaço. O investimento para a recuperação do museu foi de R$ 9,5 milhões.
“É um dia muito emblemático para o Recife, porque a gente está devolvendo para a cidade, um parque de esculturas para se re-descobrir. Completamente restaurado e requalificado, o cartão postal da nossa cidade está de volta!”, celebrou a presidente do Recentro, que passa a administrar o parque, Ana Paula Vilaça.
Cêrimônia
Estiveram presentes na solenidade de abertura o prefeito da cidade, João Campos; o secretário de Cultura, Ricardo Mello; a presidente do Recentro, Ana Paula Vilaça; o secretário executivo do Ministério do Empreendedorismo, Tadeu Alencar, o presidente da Câmara do Recif, Romero Jatobá, e a vice-prefeita do Recife Isabella de Roldão.
O presidente do instituto Francisco Brennand, Marcos Batista, e uma das filhas do artista plástico, Maria Helena Brennand, também estiveram presentes na cerimônia de reabertura do Parque das Esculturas.
Ao final da cerimônia, Maria Helena e as mulheres envolvidas no projeto de recuperação do museu receberam um buquê de flor de cristal e costela de adão. De acordo com a filha do artista, a flor seria a inspiração para a obra “Coluna de Cristal”, alvo de polêmicas interpretativas desde a inauguração do parque.
“Eu plantava flores exóticas, e um dia ele me pediu uma flor de cristal e não disse o motivo. Um tempo depois, ele me disse: "Era para isso que eu queria a flor!“ (teria dito o artista à filha, mostrando a obra finalizada).
Processo de requalificação
O processo de restauro de todas as obras que integraram originalmente o Parque de Esculturas contou com a ajuda de Jobson Figueiredo, também artista plástico e coautor do Parque.
De acordo com Jobson, todas as esculturas, assim como da primeira vez em que o parque foi aberto, são de bronze.
“Eu brinco muito, dizendo que o bronze resiste a cinco mil anos no fundo do mar, dou garantia e aceito reclamações se não o for. O bronze é eterno. Essas esculturas só não resistem ao vandalismo e a à destruição. E essa destruição não é só da obra de arte, mas da identidade do cidadão”.
Além do trabalho executado por Jobson, a revitalização do museu contou ainda com um projeto de requalificação da estrutura, assinado e supervisionado pela secretária de Projetos Especiais Cinthia Mello.
“Procuramos trazer, além do restauro das obras, uma melhoria na acessibilidade, no receptivo aos visitantes, além de uma adaptação na estrutura do passeio pensando na segurança”, explicou a secretária.
Segurança reforçada
Durante o processo de revitalização do espaço, uma das prioridades foi a segurança das estruturas e obras de arte. Foi feito um projeto de iluminação, no próprio parque e advindo do Marco Zero, uma readequação do acesso, com a introdução de portaria e realocação do píer de entrada, centralizando o fluxo de entrada e saída do local.
“Fizemos tudo isso, mas pedimos a ajuda das pessoas para cuidar do patrimônio, que é público. Juntando toda a obra de restauro com a nova infraestrutura, foram R$ 9,5 milhões investidos. Por isso, pedimos a compreensão das pessoas e o cuidado. É patrimônio do Recife, das pessoas, prefeitura tá cuidando, tá fazendo, mas é importante todo mundo ajudar a cuidar”.
O Prefeito João Campos informou ainda, durante o evento, que a prefeitura irá investir, anualmente, cerca de R$ 1,5 milhão na segurança do museu para que não ocorram novos furtos e depredações. E que ele ficaria de “tocaia” pessoalmente.
“Um sistema de videomonitoramento de toda essa área será feito 24 horas, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias no ano, pela prefeitura. Teremos seguranças o tempo inteiro aqui, com uma equipe permanente. Inclusive, eu tenho na sala ao lado da minha as imagens das câmaras daqui e eu fico ‘‘tucaiano’’, como dizem, eu fico tomando lá tomando conta”, afirmou o prefeito.
O prefeito informou ainda que apesar do alto valor, o serviço se faz necessário para a preservação das obras de arte e da cultura pernambucana.
“Eu queria muito não precisar gastar quase R$1,5 milhão em segurança. Faríamos uma creche com esse dinheiro. Mas é preciso ter, e a gente não pode abrir mão pois temos que cuidar do nosso patrimônio artístico”.
Funcionamento
O parque funcionará de terça a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados e domingos das 9h às 18h, com acesso gratuito.
A chegada ao local deve ser feita, preferencialmente, pelo rio Capibaribe, através de Catamarã ou pelo serviço de barqueiros que realizam a travessia do Marco Zero até o espaço.