"Continuamos acreditando no diálogo", afirma diplomata brasileira sobre situação na Venezuela
Brasil ainda aposta em eleições transparentes e livres o país vizinho
A secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luísa Escorel, afirmou, nesta sexta-feira, que o Brasil continua apostando no diálogo entre o governo e a oposição da Venezuela. Segundo ela, Brasília ainda aposta que as eleições presidenciais naquele país, marcadas para o dia 28 de julho deste ano, serão livres e democráticas.
"Continuamos acreditando no diálogo. Continuamos apostando que o Acordo de Barbados será implementado e que haverá eleições livres e transparentes na Venezuela, que caminhará em direção à democracia" afirmou Escorel, referindo-se a um acordo firmado entre representantes do governo e da oposição, no fim do ano passado, para que as eleições transcorram sem problemas.
"Sempre trabalhamos com a diplomacia e o diálogo e temos uma nova embaixadora em Caracas (Glivânia Oliveira) com larga experiência" completou.
A diplomata deu essa declaração ao ser perguntada sobre qual a avaliação sobre a situação na Venezuela a ser feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana que vem, em reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron. Lula tem sido duramente criticado por não condenar as ações antidemocráticas, diretas e indiretas, do líder venezuelano Nicolás Maduro.
Com forte influência de Maduro, o Judiciário decidiu que María Corina Machado — forte candidata da oposição ao presidente da Venezuela — ficará inelegível por 15 anos. Para piorar o quadro, nesta semana, assessores de María Corina foram presos, sob a acusação de estarem envolvidos em supostas conspirações e planos para promover a violência no país.
Vários países exigiram a libertação imediata dos presos, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Estados Unidos. O Brasil se manteve em silêncio.
Segundo interlocutores do governo, antes de assumir qualquer posição, o Brasil manterá contatos com os parceiros internacionais que participaram, de alguma fora, das negociações para o Acordo de Barbados. São exemplos a Noruega, os EUA, a União Europeia e a Colômbia.
No Palácio do Planalto e no Itamaraty, a avaliação é que é preciso ter “calma”, antes de se chegar a um posicionamento. Um dos pontos em análise é o impacto que as prisões e o próprio desempenho de Maduro, considerado um ditador por grande parte da comunidade internacional, causarão um retrocesso no Acordo de Barbados e, consequentemente, nas eleições.
Maduro já avisou que vai concorrer à reeleição. Já a inelegibilidade de María Corina foi um duro golpe à coalizão de partidos de oposição que a escolheu como candidata.