CONFLITO

Ataque terrorista em Moscou: veja cronologia de atentados contra a Rússia

Extremismo islâmico e movimentos separatistas provocaram uma série de ataques com consequências graves para o povo russo

O centro comercial fica em Krasnogorsk, subúrbio de Moscou - AFP

O ataque a tiros em um centro comercial de Krasnogorsk, subúrbio de Moscou, que deixou ao menos 40 mortos e 100 feridos, é o mais recente caso de terrorismo em solo russo. O país, conhecido pelo poderio militar e por contar com um dos serviços secretos mais temidos do mundo, tem um histórico de atentados promovidos por extremistas, muitos deles em meio a conflitos internos.

Um dos últimos ataques a Moscou havia ocorrido em 2019, quando um homem fez disparos contra a sede do FSB, o Serviço Federal de Segurança, deixando dois mortos. O atirador era um ex-agente de segurança, de 39 anos. Ele morava com a mãe e foi descrito por vizinhos como "recluso" na época do ataque.

Embora a Rússia tenha sido cenário de centenas de atentados desde o fim da União Soviética, casos de grande impacto são mais raros nos últimos anos, após autoridades locais aperfeiçoarem suas operações antiterrorismo, especialmente ao longo dos preparativos para a Copa do Mundo de 2018. No começo do mês, o FSB anunciou ter matado integrantes do Estado Islâmico na região de Kaluga, a cerca de 200km de Moscou, e afirmou que eles tinham planos para atacar uma sinagoga. Relembre casos emblemáticos:

Atentado no metrô de São Petersburgo (2017)
Um atentado a bomba contra o metrô de São Petersburgo deixou 14 mortos (incluindo o suposto terrorista) e dezenas de feridos, em 3 de abril de 2017. O artefato explosivo detonou dentro de um trem, no momento em que ele estava entre duas estações.

Investigações federais concluíram que o responsável pelo atentado foi um jovem de 22 anos, natural do Quirguistão. Fontes de segurança confirmaram a jornais locais, na época do atentado, que ele teria viajado para a Síria, em 2014, recebendo treinamento militar com homens do Estado Islâmico do Levante, que combatiam as tropas russas e tentavam derrubar o regime de Bashar al-Assad.

O terrorismo islâmico é uma das principais fontes de preocupação do Kremlin. Em 2015, o EI reivindicou um o atentado contra um avião que viajava do Egito em direção a São Petersburgo, derrubado logo após a decolagem. Ao todo, 224 pessoas a bordo morreram.

Explosões em Volvogrado (2013)
Em dezembro de 2013, dois atentados realizados em menos de 24 horas, às vésperas da noite de ano-novo, mataram 34 pessoas e deixaram dezenas de feridos em Volvogrado, no sul da Rússia. A primeira explosão, no dia 29 de dezembro, aconteceu em uma estação de trem, lotada em meio ao movimento das festas de fim de ano. A segunda detonação aconteceu em um ônibus elétrico. Ao todo, 34 pessoas morreram.

As explosões foram atribuídas a um grupo terrorista islâmico proveniente do Daguestão, que à época pretendia instaurar um Estado Islâmico na região da Chechênia. A cidade escolhida pelo ataque ficava a 700 quilômetros de Sochi, sede da Olimpíada de Inverno, que começaria em 7 de fevereiro.

Ataque ao Aeroporto Domodedovo (2011)
O Aeroporto de Domodedovo, o principal dos três aeroportos comerciais de Moscou, foi palco de um dos piores atentados terroristas da história recente do país. Trinta e cinco pessoas morreram e 170 ficaram feridas quando um homem-bomba se explodiu na área de desembarque do aeroporto. As investigações concluíram que o homem, um jovem na casa dos 20 anos, natural da região norte do Cáucaso, teria explodido o equivalente a sete quilos de TNT.

Detonações no metrô de Moscou (2004 e 2010)
O metrô da capital russa também foi alvo de atentados terroristas nos anos de 2004 e 2010. O ataque mais recente aconteceu em março de 2010, quando duas explosões simultâneas nas estações de Lubyanka e Park Kultury mataram 40 pessoas e deixaram cerca de 90 passageiros feridos. O ataque foi realizado por mulheres-bomba, que ficaram conhecidas como viúvas negras da Chechênia. O primeiro ataque registrado do grupo foi em junho de 2000, quando uma delas se explodiu emuma base do Exército russo naquela região separatista.

Em 2004, a infraestrutura também foi alvo de ataques terroristas de um mesmo grupo. Em agosto, um um suicida detonou explosivos perto de uma estação, antes de chegar ao subsolo, conseguindo ainda assim matar dez e ferir 33. Antes, em fevereiro, um outro suicida matou 41 pessoas e feriu cerca de 250 dentro de um trem.

Reféns da escola Beslan (2004)
Um dos mais traumáticos episódios da tensão entre a Rússia e rebeldes chechenos foi a tomada de uma escola em Beslan, na Ossétia do Norte, em setembro de 2004. Extremistas chechenos, a mando do comandante rebelde Shamil Basayev, invadiram o local e fizeram cerca de 1.200 reféns, incluindo mais de 700 crianças.

O impasse durou três dias, quando as forças de segurança russa invadiram o local usando armamento pesado, incluindo o apoio de tanques de guerra. A operação acabou com 334 civis mortos, incluindo mais de 180 crianças.

Teatro em Dubrovka (2002)
Outro episódio de violência envolvendo extremistas chechenos aconteceu no teatro Dubrovka, em Moscou. Um grupo com cerca de 40 paramilitares invadiram a casa de espetáculos e fizeram 800 reféns. O impasse durou dois dias, até que as forças russas decidiram invadir o local após as mortes de 2 reféns serem confirmadas. Assim como aconteceria em Beslan, a operação cobrou um preço alto: 129 reféns e todos os terroristas chechenos morreram.