TEATRO

Com peça no Recife, Susana Vieira cita falta de papéis na TV: "Não dá para esquecer a minha geração"

Atriz apresenta o monólogo "Shirley Valentine" neste sábado (23), no Teatro Guararapes

Susana Vieira em "Shirley Valentine" - Daniel Chiacos/Divulgação

Branca Letícia de Barros Mota, Maria do Carmo Ferreira da Silva e, agora, Shirley Valetine. Todas essas mulheres convergem em uma só: Sônia Maria Vieira Gonçalves, ou melhor, Susana Vieira. A atriz, intérprete de tantos papéis memoráveis na TV e no teatro, está no Recife com um espetáculo que pode ser visto neste sábado (23), às 21h, no Teatro Guararapes.

Adaptado por Miguel Falabella e dirigido por Tadeu Aguiar, o monólogo “Shirley Valetine” é uma versão brasileira do clássico moderno escrito pelo autor inglês Willy Russell. Na peça, Susana vive uma dona de casa infeliz com a vida solitária que leva, mesmo sendo casada e mãe de dois filhos. Por isso, ele resolve viajar para a Grécia, sem a família, em busca de reencontrar seu verdadeiro eu.

Em entrevista à Folha de Pernambuco, Susana falou sobre a montagem e a parceria com Falabella, iniciada com o sucesso da peça “A Partilha”, nos anos 1990. Sempre franca, a atriz falou sobre os planos para a carreira, aos 81 anos, mas não deixou de pontuar o que a incomoda no mercado televisivo atual.

Confira a entrevista com Susana Vieira:
Sabemos que o palco é a sua casa tanto quanto a televisão. Mas o teatro tem um “gostinho diferente” para você?

O teatro é o ao vivo, é você e o público. Eu vou junto com eles, não me sinto sozinha nunca. Eu fico com frio na barriga todas as noites, eu rezo para os meus pais me ajudarem todas as noites.

O que fez “os seus olhos brilharem” ao ler esse texto pela primeira vez?
O Miguel Falabella, adaptou esse texto pra mim. Só isso já seria uma alegria enorme, porque o Miguel entende muito bem da alma da mulher. Ele escreve muito bem e com o humor que nós temos. Eu sou da escola do Miguel, mas o texto, além de tudo, é muito bom. A pessoa se diverte, se emociona, fica com raiva do Joel, marido da Shirley (risos).

A protagonista da peça parece bem diferente da Susana Vieira que nós conhecemos. É isso mesmo ou será que há um pouco de Shirley Valentine em toda mulher?
Todas nós temos. Eu me casei muito nova e conquistei a minha independência muito cedo. A Shirley aguentou aquele casamento durante muito tempo e quantas estão aí aguentando? Mas ela vira o jogo e vai em busca da felicidade. Isso tem um pouco de mim.

Qual “tempero” Miguel Falabella trouxe para um texto já consagrado?
O Miguel transformou esse texto em algo nosso. Ele aproximou a Shirley do público. Todo mundo se identifica com ela em algum momento. O Miguel tem uma tristeza e um bom humor que, juntos, fizeram esse texto essa maravilha, que eu já faço há oito anos.

A parceria com o Falabella no teatro, aliás, não vem de hoje. O que faz esse “casamento” entre vocês ser tão longevo?
Nós somos amigos e nos entendemos no olhar. “A Partilha” nos deu isso. Eu sou muito feliz fazendo as peças dele .

O que mais faz falta na TV brasileira hoje: personagens melhores ou bons atores?
Eu sou a favor dos novos talentos, dos jovens, mas não dá para esquecer a minha geração. Tem que ter papel bom para todos. Você ignorar essa geração maravilhosa de grandes atores, isso eu não acho bom. Acho que deveríamos estar todos trabalhando.

São mais de seis décadas de carreira. Existe algo na profissão que Susana Vieira ainda não tenha feito e que deseje muito?
 Eu quero fazer um clássico, um Shakespeare, ser dirigida pelo Ulysses Cruz, fazer um show, lançar meu livro em abril. Eu quero fazer muita coisa (risos).

Serviço:
Espetáculo “Shirley Valentine”
Quando: sábado (23), às 21h
Onde: Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco - Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n, Salgadinho, Olinda)
Ingressos a partir de R$ 80, à venda no site da Cecon