Com ator recifense no papel principal, Paixão de Cristo de Nova Jerusalém estreia neste sábado (23)
Allan Souza Lima, Mayana Neiva e Dalton Vigh vivem, respectivamente, Jesus, Maria e Pôncio Pilatos no maior espetáculo ao ar livre do mundo
Um espetáculo de fé transforma a atmosfera de Brejo da Madre de Deus há 55 anos e abre sua temporada neste sábado (23), com a promessa de, mais uma vez, arrebatar o público com muita emoção: a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém promete atrair milhares de espectadores de todo o mundo à Fazenda Nova, distrito do município agrestino, até o dia 30 de março, contando o calvário de Jesus de Nazaré.
Todos os anos, artistas de renome nacional são convidados para viver os principais papeis da Paixão. Em 2024, o recifense Allan Souza vive Jesus; Mayana Neiva encarna Maria e Dalton Vigh interpreta o governador romano Pôncio Pilatos.
Os três estreiam no espetáculo de Nova Jerusalém com boas expectativas, principalmente após a apresentação para convidados e imprensa, que aconteceu nesta sexta (22), com um enorme público e um bom termômetro para o que virá pela frente nestes próximos dias.
Personagens e atuação
No papel principal do espetáculo, o ator recifense Allan Souza Lima encara a responsabilidade de viver em cena Jesus de Nazaré e sua História que move a humanidade há dois milênios.
“Alguns personagens, de certa forma, nos transformam. E sendo atravessado por esse personagem, transformado por ele, eu consigo tocar o público”, fala o ator, que, tendo em consideração o seu aspecto divino, quis ressaltar em sua interpretação, o lado humano de Jesus.
“Eu tive o cuidado de trazer um personagem mais ‘terral’, de deixar ele mais humano. Tentei trazer fisicamente e imageticamente esse Jesus mais ‘sujo’ (...) eu tentei trazer ao máximo essa imagem e esse sentimento físico’, continua.
“Eu sempre levanto essa questão, de retratar as pessoas como heróis. E Jesus também queria ser humano. Então, acho que foi minha maior busca de tentar trazer esse personagem ali, como nós, mas, ao mesmo tempo, tem um a delicadeza de que a gente tá falando sobre fé, a gente tá tocando na fé das pessoas.”
Encarnando a controversa figura do governador romano Pôncio Pilatos, o global Dalton Vigh chega à Nova Jerusalém cinco anos depois do primeiro convite. O ator destaca que, pela primeira vez, faz um trabalho em que primeiro grava as falas do personagem para, depois, interpretá-lo “dublando” as falas gravadas.
Também como ineditismo em sua carreirta, Vigh destaca o mergulho que há no personagem a partir da vivência em Fazenda Nova, na cidade-teatro de Nova Jerusalém. “A gente está imerso aqui nessa cidade, nesse teatro, o tempo todo que durar essa apresentação, e isso acaba trazendo uma coisa, você acaba se sentindo o ‘proprietário’, vamos dizer assim, do personagem”, conta o ator.
“... Tudo serve pra gente usar como elemento para ajudar o nosso trabalho, e o espaço aqui tem isso (...) esse trabalho de imersão que a gente está fazendo também é único. A gente está morando aqui, vivendo isso aqui por dentro, todos os dias”, continua.
Já a paraibana Mayana Neiva tem uma relação com sua personagem que vem antes mesmo de ela nascer. A atriz tem “Maria” como segundo nome devido a uma promessa que a mãe fez, grávida dela.
“Minha mãe rubéola durante a gravidez e eu poderia ter nascido com alguma malformação. Ela fez uma promessa para Nossa Senhora, para que eu nascesse com saúde. Como isso aconteceu, minha mãe me batizou de Mayana Maria”, conta a atriz.
Viver Maria, então, é uma dádiva que recebe, mas sem perder de vista a complexidade que a personagem detém. “Aqui a gente tenta exatamente humanizar essa figura mitológica, trazer para o que ela está vivendo, para a dor, momento a momento, de vivendo na carne essa história, de se apropriar dessa humanidade mesmo, o que vai acontecendo com esse ser ao longo dessa Paixão”, diz a atriz.