ATAQUES À IGREJA CATÓLICA

Voto de repúdio a ultraconservadores e solidariedade ao arcebispo de Olinda e Recife

Na Câmara do Recife e na Assembleia Legislativa de Pernambuco, parlamentares saem em defesa do religioso

Plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco - Foto: Arthur Mota\FolhaPE

As críticas à Igreja Católica, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, geraram voto de repúdio na Câmara de Vereadores do Recife, em uma proposição da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), e discurso na tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco, proferido pelo deputado estadual João Paulo Lima e Silva (PT).

O voto de repúdio à Confraria Dom Vital e ao Centro Dom Bosco - grupos que veicularam  mídias em ônibus e conteúdos nas redes sociais atacando a Campanha da Fraternidade 2024 da CNBB e o arcebispo de Olinda e Recife - foi aprovado em plenário por maioria absoluta, no dia 5 de março. Apenas o vereador Felipe Alecrim registrou voto contra.

"Tais ações, além de disseminarem mensagens que contradizem os valores de amor, fraternidade e solidariedade pregados pelo evangelho, apresentam sinais que permitem supor a coordenação destes atos promovidos pela ala ultraconservadora da Igreja Católica. É preocupante observar que essas manifestações de intolerância partam de dentro da própria Igreja, contrariando o espírito de diálogo e compreensão mútua que deve prevalecer entre seus membros", justifica a vereadora Cida Pedrosa em seu requerimento.

A parlamentar também destaca as ações desenvolvidas pelo arcebispo que assumiu a Arquidioces de Olinda e Recife em 13 de agosto do ano passado,  "Ele tem se dedicado a promover a inclusão e o diálogo entre a Igreja e a sociedade. Reconhecemos e valorizamos seu trabalho em ver no evangelho meios de transformação social e libertação, indo ao encontro das necessidades dos mais vulneráveis e marginalizados", ressaltou.

Outro olhar
Único a votar contra o requerimento de Cida Pedrosa, o vereador Felipe Alecrim, recém-filiado ao partido Novo, e ministro extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística, argumentou discordar do uso político de questões que, aos olhos dele, só interessam à Igreja,

"Registrei em ata meu voto contrário, por entender que não cabe a esta casa legislativa envolver-se com questões ligadas à caminhada da Igreja e consequentemente a opiniões emitidas por pessoas ou movimentos que falem sobre matéria de fé", explicou o parlamentar. 

Sagrada Comunhão Eucarística é um grupo da Igreja Católico composto por leigos, cristãos que auxiliam nas atividades da Igreja.

Alepe
O deputado estadual João Paulo, que na semana passada homenageou os cem anos da morte do comunista russo Vladimir Lênin, também se solidarizou com o arcebispo, em discurso feito em plenário no início deste mês. "Tais grupos fundamentalistas parecem colocar suas paranoias extremistas acima dos ensinamentos de Cristo para se opor a uma campanha que prega a compaixão e a solidariedade, em sintonia com a mensagem do Papa Francisco", declarou.

"O que se vê, neste episódio, é que setores da própria igreja buscam se distanciar, por motivação política, da face mais bondosa do cristianismo, que quer um mundo mais justo, se empenha na luta contra a fome e se apõe às guerras. Estarei sempre ao lado desta igreja que prega a fraternidade e o amor ao próximo", enfatizou João Paulo.

Direitos humanos
Entidades como o Instituto Dom Helder Camara (Idhec) e o Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec) também se solidarizaram com o comandante da arquidiocese, que de coração leve e consciência tranquila, reagiu às investidas dos ultraconservadores.