MARIELLE FRANCO

Caso Marielle: PGR deve denunciar mandantes dos homicídios nas próximas semanas

No parecer pela prisão, PGR classificou Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa de 'autores intelectuais' dos assassinatos

Paulo Gonet - Lula Marques/ Agência Brasil

Com o encerramento das investigações da Polícia Federal a respeito do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Procuradoria-Geral da República (PGR) analisará o material para avaliar se apresenta denúncias contra o deputado federal Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa.

A expectativa entre pessoas ligadas à investigação é a de que as acusações sejam oferecidas nas próximas semanas. Na PGR, o assunto é tocado pelo vice-procurador-geral da República Hindemburgo Chateaubriand.

Os irmãos Brazão e o delegado foram presos preventivamente neste domingo com o aval da PGR por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Ao se manifestar pela prisão do deputado federal Chiquinho Brazão, do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão, e do delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio, a PGR afirmou que os três "são os autores intelectuais" dos homicídios.

"Os elementos acima referidos indicam que Domingos Inácio Brazão, João Francisco Inácio Brazão e Rivaldo Barbosa são autores intelectuais dos crimes de homicídio investigados", ressaltou a procuradoria.

Os policiais chegaram aos mandantes após a delação premiada do ex-PM Ronnie Lessa, preso desde 2019 por ter sido o responsável pelos disparos que mataram Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.
 

Segundo as investigações, a morte de Marielle foi encomendada pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. Na época do crime, Chiquinho era vereador ao lado de Marielle. Ao determinar a prisão da dupla, o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, citou "fortes indícios de materialidade e autoria" dos irmãos Brazão.

Ainda segundo Moraes, a prisão dos três se fazia necessária diante dos fatos "inequivocamente demonstrados nos autos pelos fortes indícios de materialidade e autoria dos crimes". Por isso, o ministro determinou a medida "em face da garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal".

A operação Murder Inc. aconteceu menos de uma semana após o Supremo homologar a delação premiada firmada por Ronnie Lessa, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O ex-policial militar foi preso em março de 2019 pela participação nas mortes e, na delação do também ex-policial militar Élcio de Queiroz, é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora e o motorista. Ele foi expulso da corporação e condenado, em 2021, a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.