Caso Marielle

Prisões no caso Marielle após 6 anos mostram ineficiência em investigações

Joana Monteiro lembra de números de estudo divulgado em 2020, em que poucos casos de homicídio são denunciados no Rio

Ex-presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), Joana Monteiro - Reprodução/X

Ex-presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), Joana Monteiro comemorou neste domingo (25) a prisão dos possíveis mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, crime cometido em 2018 e que vitimou ainda o motorista Anderson Gomes. Apesar do "alívio", ela, que atualmente coordena o Centro de Ciência Aplicada à Segurança da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cita um "soco no estômago": o envolvimento de autoridades, o que a faz refletir sobre a necessidade de "dar prioridade" à elucidação de todos os homicídios.

A manifestação foi feita através de sua conta no X (antigo Twitter), em que Joana pontua as tentativas de barrar as investigações: "Agora vamos parar de dizer que o crime organizado é um poder paralelo. O crime organizado governa o Rio", escreveu Joana na publicação.



 

Em números, ela recuperou um estudo de sua autoria, publicado em 2020, em parceria com os pesquisadores Maria Eduarda Lacerda Couto, Julia Guerra Fernandes e Afonso Cesar Borges da Silva. Na ocasião, o grupo se debruçou sobre os 3903 casos de homicídios dolosos ocorridos no Rio em 2015.

"Nada mudou. Podíamos ter pego qualquer ano que o resultado seria muito parecido. Não há investimento nem prioridade para aumentar a resolução de homicídios" comenta Joana.

A publicação identificou dois gargalos: um na fase investigativa, em que apenas 14,6% dos casos tinham sido denunciados após mais de quatro anos, enquanto outros 20,1% arquivados pelo Ministério Público; outro na fase processual, em que não foi possível encontrar o número de distribuição do Tribunal de Justiça de 42% dos casos denunciados, impossibilitando o acompanhamento.

 



Por isso, para Joana, a "ineficiência é projeto político". Ela ainda cobrou um posicionamento de políticos sobre as prisões dos irmãos Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa, criticando que "quem ficar calado já indica de que lado está": "A eleição de políticos sem ligação com o crime é fundamental", cobrou.