Caso Marielle: os nomes por trás do plano para matar a vereadora e encobrir o crime
Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão são apontados como mandantes do assassinato, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa planejou a execução. Veja quem mais participou
A conclusão da investigação feita pela Polícia Federal (PF) sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018, revela a atuação de uma rede de autoridades, paramilitares e membros de forças de segurança por trás do crime.
Em relatório entregue à Justiça pela PF, os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, são apontados como os mandantes do homicídio, enquanto Rivaldo Barbosa, na época chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, teria sido a pessoa que planejou a forma como o crime seria executado. Ele teria ainda garantido proteção aos mandantes, afirmando que o caso não seria elucidado.
Apesar dos esforços de Barbosa para atrapalhar o curso das investigações, incluindo a apresentação de informações falsas, as delações premiadas feitas pelos ex-policiais militares Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, e Élcio Queiroz, que dirigiu o veículo usado na emboscada à vereadora, abriram caminho para a Polícia Federal chegar ao nome dos mandantes e demais participantes do crime.
Entenda quem é quem na ação orquestrada para matar a vereadora Marielle Franco e, depois, encobrir o crime.
Domingos Brazão
Apontado como mandante, é Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Também exerceu o cargo de secretário municipal de Ação Comunitária da prefeitura do Rio até fevereiro deste ano, quando pediu exoneração após surgirem os primeiros rumores sobre sua possível participação no crime.
Chiquinho Brazão
Irmão de Domingos Brazão, o deputado federal pelo União-RJ também é acusado de ser um dos mandantes dos assassinatos.
Rivaldo Barbosa
Ex-chefe da Polícia Civil do Rio na época em que o crime ocorreu, integrou uma farsa para atrapalhar as investigações do caso. E, segundo delação de Ronnie Lessa, colaborou “ativamente na construção de plano de execução” de Marielle. Foi preso juntamente com os irmãos Brazão a quem garantiu, antes dos assassinatos, que o crime não seria elucidado.
Ele instruiu o delegado Giniton Lages, encarregado do caso Marielle, a ouvir Rodrigo Ferreira. O policial militar seria testemunha de uma conversa entre Orlando Oliveira Araújo, o Orlando de Curicica, e o vereador Marcello Siciliano, que teriam planejado a morte de Marielle, o que era uma farsa. Atualmente, ele comandava a Coordenadoria de Comunicações e Operações Policiais, que cuida da operação com rádios da corporação, atividade praticamente em desuso.
Giniton Lages
Chefe da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na época em que os crimes ocorreram, foi encarregado do caso, nomeado por Rivaldo Barbosa. De acordo com o relatório da PF, ele teria desviado o curso das investigações para proteger os mandantes. Ele sustentou que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz teriam agido por ódio às posições de Marielle.
Ronnie Lessa
O ex-policial militar é assassino confesso de Marielle e Anderson Gomes. Em delação premiada, apontou Domingos Brazão como mandante do crime. E contou que o fato da vereadora defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda em áreas dominadas pela milícia na Zona Oeste teria sido a motivação. Lessa foi preso em março de 2019 pela participação nos assassinatos. Em 2021, foi expulso da PM e condenado a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.
Élcio Queiroz
O ex-sargento da Polícia Militar foi expulso da corporação em 2015. Ele dirigiu o carro em que estava Lessa no momento do crime. Preso desde 2019, apontou em delação a participação de outras pessoas na operação.
Maxwell Simões Corrêa, o Suel
Foi apontado por Queiroz como participante do atentado que resultou no assassinato da vereadora e de seu motorista, tendo cedido um carro para a quadrilha, escondido armas após o crime e ajudado no descarte delas.
Edilson Barbosa, o Orelha
Foi procurado por Maxwell, em Rocha Miranda, para tratar do descarte do Cobalt usado na emboscada que vitimou Marielle e Anderson, segundo a delação premiada de Élcio Queiroz.
Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé
Ronnie Lessa afirmou em delação que foi contratado pelo ex-policial militar Macalé. Ele atuava como miliciano em bairros da Zona Oeste sob influência política dos Brazão. Acabou morto em 2021.
Marco Antônio de Barros Pinto, o Marquinho DH
Comissário de Polícia Civil também chefiou as investigações do crime, sendo subordinado a Lages, sendo também acusado de ter atuado para obstruir a elucidação dos assassinatos. Para proteger os irmãos Brazão, utilizou depoimentos falsos para tirá-los do foco das autoridades.
Érika Andrade de Almeida Araújo
Advogada e mulher do delegado Rivaldo Barbosa, ela é suspeita de ter lavado dinheiro para o marido, principalmente de recursos ligados ao caso Marielle.
Robson Calixto Fonseca, o Peixe
Atuou como assessor de Domingos Brazão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e no TCE-RJ. Ele acompanhou, de acordo com a delação de Lessa, seu chefe no encontro que deu início ao planejamento do assassinato.
Laerte Silva de Lima
Integrante da milícia de Rio das Pedras se infiltrou no partido da vereadora, o Psol, para levantar informações sobre a atuação da parlamentar. Foi preso em 2019.
Erileide Barbosa da Rocha
Mulher de Lima, presa por envolvimento com o grupo paramilitar, também se filiou ao Psol um ano antes do assassinato de Marielle.