OPERAÇÃO MURDER INC

Caso Marielle: Ministério da Justiça aposta que separação de presos pode fazê-los colaborar

Os três passaram a noite na penitenciária federal de Brasília após serem transferidos do Rio

Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de mandar matar Marielle Franco - G1/Reprodução

O ministério da Justiça planeja encaminhar os três presos na operação Murder Inc. - o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão e o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa - para presídios federais diferentes. Segundo fontes da pasta, a estratégia é aplicar a "teoria dos jogos" para levá-los a colaborar com as autoridades e, deste modo, abrir novas frentes de investigação no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Sem contato um com o outro, os alvos caem no dilema de quem vai colaborar primeiro e receber os benefícios penais decorrentes desse acordo. Nessa lógica, quem decide pelo silêncio acaba recebendo uma punição maior da Justiça.

Os três passaram a noite na penitenciária federal de Brasília após serem transferidos do Rio. A ideia inicial é que Chiquinho seja levado para a unidade de Campo Grande (MS) e Brazão para a de Porto Velho (RO). Rivaldo Barbosa permaneceria na capital federal. A transferência depende de decisão judicial.

A prisão do trio se baseou em informações da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, que confessou ter matado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em março de 2018. Segundo Lessa, os irmãos Brazão foram os mandantes do crime e o delegado da Polícia Civil, o "garantidor da impunidade" na investigação do caso, segundo relatório da PF.

Lessa decidiu pela delação após saber que o seu comparsa Élcio de Queiroz fechou um acordo de delação com a Polícia Federal, rompendo, assim, o pacto de silêncio que havia entre os dois. Lessa e Queiroz também foram mantidos em presídios federais diferentes. Foi Queiroz quem confirmou à PF que Lessa disparou contra Marielle e Anderson.

"Ao saber da deflagração da Operação Élpis e da ruptura do pacto de silêncio por ele avençado com Élcio Vieira de Queiroz, Ronnie Lessa se viu sem alternativas senão declinar, com detalhes, todos os fatos juridicamente relevantes que tinha conhecimento sobre o mencionado crime, com o fim de mitigar, de alguma forma, sua agora complicada situação jurídica", escreveu a PF.

Chiquinho, Domingos e Barbosa negam as acusações. A operação Murder Inc. foi deflagrada neste domingo menos de uma semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada de Lessa. Segundo os investigadores, havia indícios de que eles poderiam fugir.