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Pizza, cafeteira e travesseiro: como foram os dias de Bolsonaro na embaixada da Hungria

Embaixador húngaro, Miklós Halmai, e membros de sua equipe receberam ex-presidente

Embaixador húngaro, Miklós Halmai, e membros de sua equipe receberam o ex-presidente Jair Bolsonaro na embaixada do país - Reprodução

Após ter seu passaporte confiscado pela Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro e, quatro dias depois, foi visto na Embaixada da Hungria em Brasília, esperando para entrar no local, de acordo com imagens da câmera de segurança da embaixada, obtidas pelo jornal The New York Times. No local, segundo o NYT, o ex-presidente ficou durante os dois dias seguintes, acompanhado por dois seguranças e na companhia do embaixador húngaro, Miklós Halmai, e de membros da equipe diplomática.

Bolsonaro, alvo de diversas investigações criminais, não poderia ser preso em uma embaixada estrangeira, porque o local está legalmente fora do alcance das autoridades nacionais. Nos vídeos, é possível ver que, durante sua estadia no local, Bolsonaro recebeu um tratamento especial para o tempo em que permaneceria ali.

 
 
 
 
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Em um dos trechos das imagens é possível ver que, perto do horário de almoço, um guarda leva o que parece ser uma pizza para Bolsonaro. Esse mesmo guarda seria visto pouco tempo depois carregando uma sacola, que seria deixada no local onde o ex-presidente estava hospedado.

Logo na noite em que chegou ao local, o próprio embaixador, e outro homem levaram uma cafeteira para o local onde Bolsonaro ficou hospedado. As imagens mostram uma mulher carregando itens de cama, como um travesseiro, para o local onde o ex-presidente passaria a noite.

Segundo o NYT, o ex-presidente ficou na embaixada durante dois, acompanhado por dois seguranças e na companhia do embaixador húngaro e de membros da equipe diplomática. Bolsonaro, alvo de diversas investigações criminais, não poderia ser preso em uma embaixada estrangeira, porque o local está legalmente fora do alcance das autoridades nacionais.

Ainda de acordo com NYT, a estadia na embaixada sugere que o ex-presidente estava tentando se valer de sua amizade com o primeiro-ministro Viktor Orban, da Hungria, numa possível tentativa de escapar da justiça enquanto enfrenta investigações criminais no seu país.

O NYT analisou imagens de três dias de quatro câmeras na embaixada da Hungria, mostrando que Bolsonaro chegou na noite de segunda-feira, 12 de fevereiro, e partiu na tarde de quarta-feira, 14 de fevereiro.

O NYT verificou as imagens comparando-as com imagens da embaixada, incluindo imagens de satélite que mostravam o carro em que Bolsonaro chegou estacionado na garagem em 13 de fevereiro.

Um funcionário da embaixada húngara, que falou sob condição de anonimato para discutir assuntos internos, confirmou o plano de receber Bolsonaro. O advogado de Bolsonaro não quis comentar. A Embaixada da Hungria não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Bolsonaro e Orbán mantêm um relacionamento próximo há anos. Bolsonaro chamou Orbán de seu “irmão” durante uma visita à Hungria em 2022. Mais tarde naquele ano, o ministro das Relações Exteriores da Hungria perguntou a um funcionário do governo Bolsonaro se a Hungria poderia fazer alguma coisa para ajudar a reeleger Bolsonaro, de acordo com o governo brasileiro.

Em dezembro, Bolsonaro e Orbán se reuniram em Buenos Aires na posse do novo presidente de direita da Argentina, Javier Milei. Lá, Orbán chamou Bolsonaro de “herói”.

Expoente da direita e aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, já havia saído em defesa do ex-presidente brasileiro dias antes de ele passar duas noites na embaixada do país após ter passaporte apreendido. Na ocasião, em uma rede social, Orban publicou uma foto com Bolsonaro e o incentivou a "continuar lutando".