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Bolsonaro na embaixada da Hungria: ministros do STF veem com cautela possibilidade de prisão

Ex-presidente teria ido ao local após operação que apreendeu o passaporte dele, segundo o New York Times

Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria - NYT/Reprodução

A ida do ex-presidente Jair Bolsonaro para a embaixada da Hungria, em Brasília, após ser alvo de uma operação da Polícia Federal pode dar margem a uma prisão preventiva, na avaliação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo Globo de forma reservada. Segundo esses magistrados, contudo, o assunto precisa ser tratado "com cautela", para entender qual foi a real motivação de Bolsonaro.

Como revelou o jornal norte-americano New York Times (NYT), Bolsonaro passou duas noites no prédio da representação diplomática, em fevereiro, após ter seu passaporte apreendido durante uma operação em que apurava uma tentativa de golpe de Estado.

A defesa do ex-presidente confirmou nesta segunda-feira (25) a informação e disse que ele "ficou hospedado" na representação diplomática, onde foi "manter contatos com autoridades do país amigo, inclusive o primeiro-ministro". A Polícia Federal vai investigar o caso.

A ida do ex-presidente ao prédio da embaixada húngara, de acordo com imagens da câmera de segurança obtidas pelo jornal The New York Times, se deu quatro dias depois da operação que mirou em alvos suspeitos de participar das discussões de uma suposta tentativa de golpe durante o governo passado.

No dia 8 de fevereiro, Bolsonaro foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal realizada para apurar uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Com a autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, foram aplicadas medidas restritivas contra o ex-presidente, com a proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte no prazo de 24 horas, e de se comunicar com demais investigados, nem por meio de advogados.

Em 14 de fevereiro, a defesa do presidente chegou a pedir ao STF a devolução do passaporte, sob o argumento de que não foi apresentado nenhum "risco de fuga" e pediram que a proibição de deixar o país fosse substituída pela obrigação de pedir autorização um para afastamento maior do que sete dias.

Segundo o jornal norte-americano, o ex-presidente permaneceu no local durante dois dias acompanhado por dois seguranças e na companhia do embaixador húngaro e de membros da equipe diplomática. Bolsonaro, alvo de diversas investigações criminais, não poderia ser preso em uma embaixada estrangeira, porque o local está legalmente fora do alcance das autoridades nacionais.

Ainda de acordo com NYT, a estadia na embaixada sugere que o ex-presidente estava tentando se valer de sua amizade com o primeiro-ministro Viktor Orbán, da Hungria, numa possível tentativa de escapar da justiça enquanto enfrenta investigações criminais no seu país.