Tribunal dos EUA arquiva processo de Musk contra organização de luta contra o ódio
O tribunal da Califórnia disse que era evidente que a ação foi apresentada como retaliação à organização por publicar investigações críticas
Um tribunal dos Estados Unidos rechaçou, nesta segunda-feira (25), a ação da rede social X contra uma organização sem fins lucrativos que havia denunciado um aumento da desinformação e do discurso de ódio nessa plataforma desde que ela foi adquirida pelo bilionário Elon Musk.
A rede X, anteriormente conhecida como Twitter, processou o Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH, na sigla em inglês) em julho, o acusando de empreender uma campanha de desprestígio mediante uma compilação seletiva de dados que prejudicou a relação da empresa com anunciantes e provocou perdas de dezenas de milhões de dólares em receitas.
O tribunal da Califórnia disse que era evidente que a ação foi apresentada como retaliação à organização por publicar investigações críticas sobre a rede social e, provavelmente, dissuadir outros de fazer a mesma coisa.
"É impossível ler a denúncia e não concluir que a X Corp. está muito mais preocupada com o discurso da CCDH do que com seus métodos de recopilação de dados", disse a corte em sua decisão de 52 páginas.
"É impossível imaginar que a X Corp. Tivesse a motivação de apresentar uma demanda se o CCDH não tivesse falado", completou.
A rede X não respondeu de imediato a uma solicitação de comentários.
"Esperamos que esta decisão histórica incentive os investigadores de interesse público de todo o mundo a continuar, e inclusive intensificar, seu trabalho vital de fazer com que as empresas de redes sociais prestem contas pelo ódio e a desinformação que armazenam e o dano que causam", disse Imran Ahmed, diretor-executivo e fundador de CCDH, em um comunicado.
Segundo os investigadores da desinformação, as falsidades e os discursos racistas e de ódio aumentaram consideravelmente na rede X desde que Musk concluiu sua aquisição por 44 bilhões de dólares em outubro de 2022 (cerca de R$ 235 bilhões na cotação da época).
Desde então, o também chefe da Tesla despediu milhares de funcionários da plataforma, cortou a moderação de conteúdo e restabeleceu muitos perfis que haviam sido banidos anteriormente.
Musk também viu como os principais anunciantes abandonaram a plataforma pelo aumento de conteúdos questionáveis, e lutou para construir uma base de assinantes o suficientemente forte para recuperar as receitas perdidas.