Macron chega nesta terça (26) ao Brasil para uma visita de três dias a quatro cidades brasileiras
Tema delicado na agenda bilateral, não aprovação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia entrará na agenda
O presidente da França, Emmanuel Macron, desembarca nesta terça-feira em Belém (PA), às 16h15, para uma visita de três dias a quatro cidades brasileiras.
Macron será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem discutirá, até a próxima quinta-feira, temas como meio ambiente, defesa, economia e assuntos delicados, como a resistência dos franceses ao acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia e a posição brasileira de não apoiar as sanções aplicadas à Rússia pela invasão da Ucrânia.
Interlocutores do governo da França anteciparam que Macron dirá a Lula que seu país não está pronto para aprovar o acordo com o Mercosul. O presidente francês sofre forte pressão dos agricultores, que temem a concorrência dos sul-americanos. Sobre a guerra na Ucrânia, o argumento do Brasil é que as sanções são unilaterais e teriam de ser aprovadas no âmbito das Nações Unidas.
Após passar pela Guiana Francesa, Macron fará paradas em Belém, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Segundo o governo da França, a visita tem por objetivo fortalecer a parceria estratégica com o Brasil, em meio a tensões e crises internacionais.
Passeio de barco
Em Belém, Macron e Lula vão conversar sobre proteção da biodiversidade, transição ecológica e descarbonização das economias. São questões exploradas pelo Brasil na presidência do G20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo). O mandato brasileiro terminará em novembro deste ano, com uma reunião de líderes.
Belém vai sediar, em 2025, a Conferência Mundial sobre o Clima, a COP30. Esta foi a razão de o presidente francês escolher a capital paraense como um dos locais visitados.
Os dois presidentes vão se reunir a bordo de um barco, que os levará à ilha de Combu, onde visitarão uma empresa produtora de cacau. No fim do dia, às 18h15, os dois mandatários participarão de uma cerimônia em que Macron homenageará o cacique Raoni Metuktire com a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa. Em seguida, a agenda será fechada com um encontro com representantes de povos indígenas.
Passeio pela Avenida Paulista
Macron estará no Rio e em São Paulo na quarta-feira. Pela manhã, ele viajará junto com Lula para a Base Naval de Itaguaí, no Rio. Os presidentes participarão, às 10h30, de cerimônia de lançamento do submarino Tonelero. Cada um dos mandatários fará um discurso.
Na parte da tarde, às 15h15, sem a companhia do presidente Lula, Macron se reunirá, em São Paulo, com investidores brasileiros. Às 17h, fará um discurso de encerramento do Fórum Econômico Brasil-França, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), sobre a transição para a economia verde.
Às 18h, o presidente da França participará da inauguração do Instituto Pasteur, na USP e, às 19h35, vai se reunir com jovens da Fundação Gol de Letra, com a presença do ex-jogador de futebol Raí de Souza Vieira. Macron também fará um discurso, às 20h15, em uma recepção em homenagem à comunidade francesa em São Paulo.
Às 21h45, o presidente da França jantará com personalidades brasileiras do mundo da cultura e do esporte. Ele deve ir a pé do restaurante até o hotel em que estará hospedado.
Brasília
Emmanuel Macron terminará a viagem ao Brasil na capital federal, na quinta-feira, onde será recebido com honras de chefe de Estado. A cerimônia de boas-vindas está prevista para as 11h30, no Palácio do Planalto, seguida de uma reunião bilateral com Lula, às 12h. Os temas a serem tratados serão políticos, com destaque aos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, a reforma da governança global, o plano de ação de combate à fome, a situação na Venezuela e no Haiti e as divergências sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia.
Após uma cerimônia de assinaturas de atos, marcada para 13h, os presidentes devem dar entrevista coletiva para a imprensa. Os últimos compromissos de Macron são um almoço no Itamaraty e uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.