EX-PRESIDENTE

Bolsonaro diz que se hospedou em embaixada localizada a 13 quilômetros de casa

Ex-presidente ficou dois dias na representação diplomática da Hungria no Brasil após ser alvo de operação da PF sobre tentativa de golpe de Estado

Jair Bolsonaro na embaixada da Hungria - NYT/Reprodução

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro diz que se hospedou durante dois dias na embaixada da Hungria, que fica a 13 quilômetros da casa onde vive com a família em Brasília. O trajeto da residência do ex-mandatário até a representação diplomática pode ser percorrido em até 20 minutos de carro, segundo o Google Maps.

A ida do ex-presidente à embaixada da Hungria foi revelada pelo jornal The New York Times, que obteve imagens de câmera de segurança do local. Nos vídeos, Bolsonaro aparece acompanhado de dois seguranças e do embaixador húngaro, Miklós Halmai.

Um funcionário da embaixada teria confirmado de forma reservada ao New York Times o plano de receber Bolsonaro. Segundo o jornal, o ex-presidente poderia estar se valendo da sua amizade com o primeiro-ministro húngaro de ultradireita, Viktor Orbán, para uma possível tentativa de se ver livre da Justiça. Após o caso vir à tona, a PF decidiu investigar se houve tentativa de Bolsonaro de obstruir a Justiça.

A defesa de Bolsonaro nega que o ex-presidente tenha se hospedado na embaixada da Hungria com o propósito de fugir das autoridades. “Como é do conhecimento público, o ex-mandatário do país mantém um bom relacionamento com o premier húngaro, com quem se encontrou recentemente na posse do presidente Javier Milei, em Buenos Aires”, ressaltou.
 

Após a repercussão do caso, o governo federal convocou o embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, a prestar esclarecimentos no Itamaraty, na tarde desta segunda-feira. A conversa durou cerca de 20 minutos.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, defendeu Bolsonaro depois que ele foi alvo de operação da PF, dias antes de o ex-presidente passar alguns dias na embaixada do país no Brasil. "Um patriota honesto. Continue lutando, senhor presidente", escreveu no dia 8 de fevereiro.

Em 2022, durante uma visita do então presidente Bolsonaro à Hungria, ele chamou o primeiro-ministro de “irmão”. Naquele mesmo ano, o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, perguntou durante uma reunião com a então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, se poderia fazer algo para ajudar a reeleger Bolsonaro.