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Aliados de Lula pedem ao STF e à PGR prisão preventiva de Bolsonaro após ida a embaixada da Hungria

Ex-presidente passou dois dias na embaixada após ter seu passaporte apreendido durante operação da PF que apurava uma tentativa de golpe de Estado

Embaixador húngaro, Miklós Halmai, e membros de sua equipe receberam o ex-presidente Jair Bolsonaro na embaixada do país - Reprodução

Deputados federais acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) nessa segunda-feira (25) com pedidos de prisão preventiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O jonal amerciano The New York Times mostrou que Bolsonaro passou dois dias na Embaixada da Hungria, em Brasília, após ter seu passaporte apreendido durante a Operação Véritas, que apurava uma tentativa de golpe de Estado.

O deputado Lindbergh Farias (PT-DF) pediu à PGR que "avalie os fatos com a gravidade que lhe é inerente" e proponha ao STF medidas "consideradas pertinentes", como a decretação da prisão preventiva. O deputado aponta que seria importante para evitar "qualquer tentativa de sabotar ou inviabilizar a persecução penal do Estado brasileiro".

A estadia na Embaixada sugere que o ex-presidente estava tentando alavancar a sua amizade com um colega líder de extrema direita, o primeiro ministro Viktor Orban, numa tentativa de escapar ao sistema de justiça brasileiro, enquanto enfrenta investigações criminais no Brasil”, diz o parlamentar no pedido.

Já a deputada federal Luciee Cavalcante (PSOL-SP) pediu ao STF a decretação da prisão preventiva do ex-presidente por descumprimento de medidas cautelares.

"Ocorre que, conforme amplamente noticiado, após esta operação pela Polícia Federal, o Indiciado refugiou-se na Embaixada da Hungria1 por dois dias, buscando refúgio político para evitar possível prisão pelos atos cometidos", pontuou a parlamentar.

A deputada que "no caso de descumprimento de medida cautelar é cabível a decretação da prisão preventiva"

PF vai investigar
O caso será investigado pela Polícia Federal para esclarecer as circunstâncias em que Bolsonaro permaneceu hospedado na representação diplomática entre os dias 12 e 14 de fevereiro. Os investigadores querem verificar se houve tentativa de fuga.

Como o Globo mostrou, ministros do Supremo ouvidos de forma reservada veem o caso com cautela e ressaltam que é necessário antes entender a motivação da estadia, mas avaliam que a ida ao prédio pode dar magem a um pedido de prisão preventiva.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, deu 48 horas para que Bolsonaro explique sua ida à embaixada. A passagem, iniciada apenas uma hora após ele convocar apoiadores para a manifestação ocorrida em 25 de fevereiro na Avenida Paulista, foi revelada por imagens de câmera de segurança obtidas pelo jornal americano “The New York Times”.

Alvo de investigações por suposta trama golpista, desvio de joias do acervo presidencial e fraude em cartões de vacina, Bolsonaro não poderia ser preso dentro de uma embaixada estrangeira, uma vez que prédios consulares são protegidos por convenções internacionais e não estão ao alcance das autoridades. Após a revelação, o Itamaraty convocou o embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, que evitou responder à maioria das perguntas, segundo a colunista do Globo Bela Megale.

Em nota, o ex-presidente confirmou ter passado dois dias no local, onde “ficou hospedado” para “manter contatos”. Em São Paulo, num evento do PL nesta segunda-feira, Bolsonaro disse que frequenta embaixadas pelo Brasil e conversa com embaixadores.

O caso
Conforme as imagens, o ex-presidente aparece na embaixada acompanhado de dois seguranças e de Miklós Halmai. Um funcionário da representação teria confirmado ao NYT o plano de recebê-lo.

Segundo o jornal, o ex-presidente poderia estar se valendo da sua amizade com Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, para uma possível tentativa de se ver livre da Justiça. A defesa de Bolsonaro rebate essa informação, dizendo que ele e o embaixador se reuniram para discutir “cenários políticos das duas nações”.