Após adiamentos, começa o 21º Cine-PE

Noite de abertura teve a exibição de um único longa

Festival Cine PE - Maria Nilo/Folha de Pernambuco

A 21ª edição do Cine PE - Festival Audiovisual foi aberta na noite desta terça-feira, no Cinema São Luiz, e segue até a próxima segunda-feira. Depois de dois adiamentos, motivados por problemas econômicos e ideológicos, ao longo do mês de maio, a abertura do evento contou com um bom público, na histórica sala da rua da Aurora.

"Sempre fui apaixonada por cinema", disse Sandra Bertini, diretora da produtora Bertini Produções e Eventos (BPE), responsável pelo Cine PE, em seu depoimento de abertura. "Obrigado aos patrocinadores, que acreditaram no festival, obrigado aos cineastas, que confiaram em nós", ressaltou Sandra, com voz embargada.

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A primeira noite do evento contou apenas com um longa-metragem. Foi projetado, fora da competição, o filme "Real - o plano por trás da história" (SP), de Rodrigo Bittencourt, que entrou em cartaz nos cinemas pernambucanos no dia 25 de maio. A obra esteve envolvida nas polêmicas do Cine PE, por supostamente ter sido um dos motivos para a saída de sete cineastas do evento, que alegaram que o festival selecionou filmes que "favorecem um discurso alinhando à direita conservadora".

Representando o filme, veio um dos produtores, que teve discurso aplaudido por parte da plateia e vaiado por outra quando disse que o pensamento liberal precisa ser visto com mais atenção. "Queremos ver o filme", gritou alguém do público.

O filme mostra a movimentação política que gerou a criação do Plano Real. A história, que se passa em 1993, inclui personagens inspirados em pessoas reais, como Itamar Franco (interpretado por Bemvindo Sequeira), que na época era o presidente do Brasil, e Fernando Henrique Cardoso (Norival Rizzo), então Ministro da Fazenda. A narrativa é guiada pelas ações do economista Gustavo Franco - interpretado por Emílio Orciollo Netto -, cujo esforço foi importante na origem da moeda.

Curtas
A noite de abertura do festival começou com a exibição de quatro curtas-metragens pernambucanos, filmes com menos de dois minutos feitos em uma parceria entre o evento e a Prefeitura do Recife. Foram projetados "A lição", "A menina do leite", "A Perna Cabeluda e o Saci" e "Princesas".

Em seguida, o Cine PE apresentou "Los Tomates de Carmelo", ficção de Danilo Baracho, um dos 12 filmes que compõem a Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Pernambucanos. A obra se passa na Espanha durante a ditadura franquista e conta a história de um velho que perdeu a família por injustiças políticas. Danilo parece exceder o delicado drama desse senhor através de uma trilha sonora que exagera os sentimentos apresentados em cena.

Também foi projetado "Diamante, o Bailarina" (SP), de Pedro Jorge, uma das oito obras que integram a Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais. A força do filme é a potência do protagonista, uma travesti que, à noite, faz shows performáticos e, durante o dia, pratica boxe. Sua raiva contra as injustiças sociais parece mover sua vontade por assumir sua real identidade e interesses.