MARIELLE FRANCO

Pulgão, Pepa, Fininho: veja apelidos de suspeitos citados em relatório da PF sobre caso Marielle

Os 'vulgos' aparecem 103 vezes no documento, com 51 suspeitos que acompanham os de Brazão e Chiquinho Brazão apontados como mandantes

Da esquerda para a direita: André Luiz Fernandes Maia, vulgo Doutor Piroca; Leandro Sirqueira de Assis, vulgo Gargalhone e Marcus Vinicius, o Fininho - Reproduções

As 479 páginas do relatório da Polícia Federal sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes trazem 103 vezes a palavra "vulgo" — termo usado para indicar o apelido de uma pessoa citada na investigação.

Os próprios apontados como mandantes do crime têm seus apelidos: Domingos Inácio Brazão, o Brazão, e seu irmão João Francisco Inácio Brazão, conhecido como Chiquinho Brazão. Mas outros 51 suspeitos de crimes aparecem ao longo do documento com vulgos bem mais exóticos. Veja alguns abaixo.

Pulgão - Rafael Luz Souza, o Pulgão, é um inspetor da Polícia Civil condenado por chefiar uma milícia na Zona Oeste do Rio. Ele cumpre pena de 15 anos de prisão por sua atuação à frente do bando que controla a Carobinha, em Campo Grande. No relatório da PF, Pulgão é citado por ser cliente de Homero das Neves, procurador aposentado do Ministério Público do Rio e atualmente advogado: o texto classifica Rafael como "um dos maiores milicianos do Rio de Janeiro".

Pepa - Elton Neres da Costa, o Pepa ou Peppa, é acusado de ser um dos chefes da milícia em Curicica, na Zona Oeste do Rio. Pepa teria comprado um Cobalt que, de acordo com o relatório da PF, pode ter sido o veículo usado no assassinato de Marielle e Anderson. Segundo uma denúncia feita em 2019 pelo Ministério Público, Elton era um dos responsáveis pela milícia em Curicica e também "atuava no comércio de cigarros contrabandeados/falsificados pela malta".

 

Fininho - Ex-PM, Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho, foi preso em 2019 na Operação Intocáveis I, deflagrada por uma força-tarefa do Ministério Público do Rio e da Polícia Civil contra a milícia que atuava em Rio das Pedras e na Muzema, na Zona Oeste. Fininho é citado no relatório da Polícia Federal no contexto da delação de Ronnie Lessa, acusado da morte de Marielle e Anderson. Lessa afirma que a submetralhadora HK MP5, arma usada no crime, foi fornecida por Fininho e Robson Peixão,

Renatinho Problema - Apontado como comparsa do ex-PM Orlando Oliveira de Araujo, o Orlando Curicica — condenado a 25 anos de prisão por homicídio qualificado —, Renato Nascimento Santos, vulgo Renatinho Problema, foi preso em dezembro de 2018 ao lado do também ex-PM Bruno Nascimento de Oliveira. Segundo denúncia do Ministério Público, Bruno era segurança de Renatinho Problema. No curso das investigações, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) deu cumprimento a um mandado de busca e apreensão na sede da empresa Martinelli Imóveis, onde Renatinho Problema depôs ter a rotina de levar o miliciano Orlando Curicica e também ao apartamento de Siciliano, no Recreio.

Gargalhone - Assassinado aos 46 anos, em maio de 2023, no estacionamento do Mercado do Produtor, na Avenida Ayrton Sena, Leandro Siqueira de Assis, com o vulgo de Gargalhone, era integrante de um dos grupos de milicianos que atua na Zona Oeste da cidade, em especial na região da Gardênia Azul, em Jacarepaguá. Gargalhone tinha ligações com o bando de Wellington da Silva Braga, o Ecko, chefe da maior milícia do Rio, morto em junho de 2021 numa operação da Polícia Civil. Ele tinha dez anotações criminais, segundo a Polícia Militar.

Doutor Piroca - No dia 12 de março de 2018, dois dias antes do homicídio, Ronnie Lessa fez buscas digitais com o nome da vereadora e depois buscou pelo endereço onde ela estaria. Nesta noite de buscas, Lessa afirmou estar tomando uísque com seu amigo advogado de vulgo Doutor Piroca, cujo nome é André Luiz Fernandes Maia, obcecado em encontrar alternativas viáveis para a execução. Quase um mês depois, em 12 de abril do mesmo ano, o advogado foi assassinado a tiros no Anil, na Zona Oeste do Rio. Ele saía de casa, na Rua Otávio Malta, quando foi rendido por dois homens numa moto que atiraram cerca de dez vezes contra o advogado. Além de morar no Anil, André Luiz mantinha um escritório de advocacia no mesmo bairro, segundo o Cadastro Nacional dos Advogados (CNA).

Hulkinho - O vulgo Hulkinho, de Otalício Antônio Dias Júnior, é mencionado nove vezes no relatório. Ele é indicado como o "dono" do terreno em que Ronnie Lessa teria invadido próximo ao Gardênia Azul, atrás do Shopping Uptown. E também como o homem que deu a Suel o veículo já clonado GM/Cobalt, por volta do final de 2017 e inicío de 2018, em razão do falecimento de um outro miliciano que era o possuidor do carro. Hulkinho confirmou o relato de Lessa sobre o veículo usado na empreitada e que monitorou o terreno situado nos fundos do shopping, era o responsável por gerir a área.