Chiquinho Brazão e Ronnie Lessa ficarão no mesmo presídio federal, no Mato Grosso do Sul
Deputado federal foi preso no último domingo, suspeito de ser um dos mandantes da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes
Transferido na manhã desta quarta-feira do presídio federal de Brasília, o deputado federal Chiquinho Brazão irá para a mesma penitenciária onde está detido o ex-policial militar e delator Ronnie Lessa. Lessa está preso desde 2019, e é apontado como o responsável por assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes. Outros dois presos na operação da Polícia Federal no último domingo, Domingos Brazão, irmão de Chiquinho, será levado para o presídio de Porto Velho, em Rondônia, enquanto o ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, será mantido no Distrito Federal.
Os presídios federais terão por medidas de defesa implementadas por determinação do ministro da Justiça Ricardo Lewandowski, como a construção de muralhas — estrutura que já existe no mais recente construído, o de Brasília, inaugurado em 2018. A medida foi colocada após a fuga de dois presos do presídio de segurança máxima no Rio Grande do Norte. O de Porto Velho será um dos primeiros a passar pela adequação.
Outros presos
No último dia 16, Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da principal milícia da Zona Oeste do Rio, foi transferido do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, para uma penitenciária federal em Mato Grosso do Sul — que foi inaugurado em junho de 2009. Marcelo de Luna Silva, o Boquinha, comparsa de Zinho, também foi transferido para o presídio de Campo Grande, capital sul-mato-grossense. A decisão da transferência de ambos foi da 2ª Vara Criminal da Capital, a pedido da promotora de Justiça Simone Sibílio.
Caso Marielle Franco
Os irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão foram apontados em delação de Lessa como os mandantes do assassinato da vereadora Marielle e de seu motorista, Anderson, — ocorrido em março de 2018.
Chiquinho é deputado federal (União Brasil) e exerceu o cargo de secretário municipal de Ação Comunitária da prefeitura do Rio até fevereiro deste ano, quando pediu exoneração após surgirem os primeiros rumores sobre sua possível participação no crime.
Domingos Brazão iniciou sua carreira política como assessor na Câmara Municipal entre 1993 e 1994. Em 1997 assumiu o primeiro mandato eletivo, como vereador da cidade do Rio, mas ficou apenas dois anos no posto. Eleito deputado estadual, assumiu uma cadeira no Palácio Tiradentes em 1999, onde ficou por 17 anos. Alimentou a expectativa de ser presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) até ser escolhido pela Casa para assumir vaga no TCE, da qual ficou afastado por seis anos após a operação Quinto do Ouro, quando ele e mais quatro integrantes do tribunal foram presos acusados de corrupção.
As primeiras associações da família Brazão ao caso vieram à tona ainda em 2019, quando um relatório da PF apontou Domingos Brazão como o “principal suspeito de ser autor intelectual” dos assassinatos da vereadora e do motorista. O conselheiro do TCE sempre negou a participação no crime. Ele já havia sido denunciado pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge, em 2019, por atrapalhar a investigação, mas a Justiça do Rio rejeitou o pedido. Seu nome passou a ser revisitado também no ano passado com a delação do também ex-PM Élcio de Queiroz, preso em 2018, suspeito de envolvimento no crime.
O delegado Rivaldo Barbosa, um dos suspeitos presos na manhã de domingo, foi chefe de Polícia Civil durante as investigações do assassinato da vereadora e de Anderson. Na época, o Rio estava sob intervenção federal. Foi Rivaldo quem, segundo aponta a PF, deu a certeza para Domingos Brazão de que o crime ficaria impune.