Nicarágua

Morre ex-ministro sandinista Tünnermann, um crítico de Ortega na Nicarágua

Nascido em 10 de maio de 1933, ele foi ministro da Educação desde a vitória da revolução sandinista em 1979

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega - Cesar Perez / Nicaraguan Presidency / AFP

O ex-ministro da Educação da Nicarágua, Carlos Tünnermann, que liderou em 1980 uma emblemática campanha de alfabetização sandinista, mas depois se tornou crítico do presidente Daniel Ortega, faleceu aos 90 anos em um hospital de Manágua, informaram várias fontes nesta quarta-feira (27).

Tünnermann morreu perto da meia-noite de terça-feira após uma longa doença, disseram meios de comunicação locais, e o governo de Ortega emitiu um comunicado reconhecendo "o valor" de suas contribuições na campanha que reduziu a taxa de analfabetismo de 50% para 13% durante o regime revolucionário sandinista (1979-1990).

"Reconhecemos a contribuição do Dr. Carlos Tünnermann Bernheim, que, como Ministro da Educação, deu uma contribuição especial à Epopeia da Cruzada Nacional de Alfabetização", disse o governo em nota.

Nascido em 10 de maio de 1933, ele foi ministro da Educação desde a vitória da revolução sandinista em 1979, após a queda do ditador Anastasio Somoza, até 1984.

A partir desse ano, foi embaixador nos Estados Unidos até ser expulso em 1988, em reciprocidade à expulsão do embaixador americano em Manágua.

Antes, foi reitor da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua e participou de um grupo de intelectuais que apoiaram a luta da guerrilha sandinista contra Somoza.

"Essas contribuições serão lembradas com gratidão na História Épica da Revolução e, particularmente, na extraordinária narrativa da Magna Gesta de nosso Povo, alfabetizando em todo o país", acrescentou o governo.

"A nobreza obriga a reconhecer o que é valioso", conclui a nota sobre o intelectual que posteriormente se tornou crítico de Ortega.

Tünnermann fez parte de uma comissão opositora de diálogo instalada para tentar resolver a crise política em 2018, que, com confrontos entre opositores e governistas, deixou mais de 300 mortos, segundo a ONU.

Em 2019, ele também fez parte de uma comissão de personalidades que tentou unir as diferentes formações da fragmentada oposição da Nicarágua.

Ele também foi secretário do Conselho Superior Universitário Centro-Americano, funcionário da Unesco e presidente do Centro Nicaraguense de Escritores, entre outros cargos.