PREVENÇÃO

Dengue: cidade de SP vacinará crianças de 10 a 14 anos nas escolas

Plano inicial mira em regiões mais afetadas pela doença, caso de Itaquera, na Zona Leste

Vacina contra dengue - Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A cidade de São Paulo foi incluída pelo Ministério da Saúde na listagem de municípios que receberão as vacinas da dengue, produzidas pela farmacêutica japonesa Takeda. De acordo com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), a primeira faixa etária a receber as aplicações são as crianças de 10 a 14 anos.

O prefeito afirmou que a aplicação se dará em escolas, por conta justamente do público-alvo da vacinação. A prioridade está em regiões de maior incidência. Itaquera, na Zona Leste, é um desses locais.

Embora seja uma chave importantíssima para a proteção individual, a aplicação da vacina da dengue ainda não é considerada como um trunfo para mudar o curso de uma epidemia da doença.

Ontem, o diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, afirmou em coletiva de imprensa que a vacinação para dengue pode levar até oito anos para surtir efeitos reais em epidemias da doença, conforme estudos realizados sobre o tema. Além disso, o especialista ressaltou a importância de que se reforcem o trabalho de prevenção de focos de transmissão do mosquito aedes aegypti, o agente transmissor da doença.

— É importante ressaltar que a vacina que está disponível requer duas doses e são precisos três meses entre uma dose e outra. A vacina não é uma ferramenta para controlar a transmissão nesse momento. Há estudos realizados que demonstram que só oito anos de vacinação poderiam ser capazes de causar impacto na transmissão da dengue. A grande ferramenta de controle segue sendo a eliminação dos criadouros do mosquito, seja no domicílio das pessoas, seja em ambientes públicos como parques, praças e comércios — afirmou Jarbas.

O sanitarista ressaltou ainda que a produção da vacina QDenga, da farmacêutica Takeda, ainda tem produção em "quantidade limitada". O Brasil, ele diz, é o país do mundo que mais utiliza o imunizante. A Argentina também já aplica fármaco. O uso das aplicações nas duas nações, afirmou Jarbas, é positivo pois ambas contam com um serviço de vigilância organizado que pode dar mais informações sobre o imunizante "na vida real".