Amigos e familiares se despedem de diarista morta em tragédia com micro-ônibus, em Jaboatão
Enterro aconteceu no Parque das Flores
Comoção marcou o sepultamento da diarista Edite Maria da Silva, de 51 anos, nesta terça (2), no Cemitério Parque das Flores, no Sancho, Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.
Ela foi vítima do acidente com um micro-ônibus, no bairro Marcos Freire, no último domingo (31), quando o motorista perdeu o controle do veiculo, que desceu a Ladeira da Adelaide e atingiu 34 pessoas. Desse total, cinco morreram.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), por causa dos traumas, Edite morreu no local, antes mesmo da chegada das equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Edite deixa duas filhas. Uma delas, Catarina Ferreira Silva, de 18 anos, que também foi atingida no acidente e está internada no Hospital da Restauração (HR), no Derby, Centro do Recife. Segundo amigos da família, ela teve diversas lesões, fraturas e perfurações no pulmão.
A outra filha da vítima, a enfermeira Carina Ferreira Silva, de 23 anos, estava no funeral, mas preferiu não falar com a imprensa.
Quem conheceu a diarista testemunha a força e luta que ela empunhou durante toda a vida para cuidar da família. O produtor audiovisual Matteus Souza, de 24 anos, é prova de que ela se preocupava com os parentes, e ser esforçada foi a principal característica da vítima.
“Dona Edite sempre cuidou das filhas. Foi muito dedicada. Carina [uma das filhas] se formou em enfermagem, recentemente, mas não conseguiu emprego. Ela [Edite] perdeu o marido, há cinco meses, tragicamente. Só deu tempo de o casal ver a filha [Carina] se formando”, disse ele.
“Carina não precisa de coroa de flores de prefeito, ela precisa de uma posição de alguém que faça alguma coisa e tenha uma atitude, além de nós, amigos. A gente está aqui hoje, mas amanhã a vida de todo mundo segue, e Carina, como fica?”, questiona ele.
Momentos antes de o corpo ser enterrado, um representante da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, local que ela frequentava, realizou uma prece, entregando o corpo e a alma da vítima nas mãos de Deus. O momento também serviu de conforto espiritual para quem estava presente no momento.
O postulante a diaconato da paróquia que organizou a Procissão Cristo Vive, Manoel Alex, que também perdeu a nora Jessica Kelly Mendonça dos Santos, de 21 anos, revelou que Edite fazia parte do setor de acolhimento da igreja. Essa comunhão com a religião aumentou nos últimos meses, com a perda do marido.
“Edite foi uma mulher forte e guerreira. Ela participava da Pastoral da Acolhida. Ela recebia o pessoal que chegava na igreja e recebia todos bem. Era uma mulher determinada, que viveu muito bem a sua quaresma, Semana Santa e o Tríduo Pascal. Ela viveu a fé”, lamenta.
“É um sentimento de luto, de uma perda irreparável de pessoas amigas que nós tínhamos. Nós estamos tristes, com o coração dilacerado. Nossa igreja estava em um momento tão bonito, bem organizado e com os cuidados necessários, de repente, acontece essa tragédia”, conclui.