Empresa australiana negocia compra da brasileira Avibras, do setor bélico
Companhias informaram que negociações estão avançadas; valor da aquisição não foi revelado
A australiana DefendTex, empresa do ramo bélico, está negociando a compra da brasileira Avibras, do mesmo setor, que está em recuperação judicial desde 2022, com dívidas de R$ 376 milhões. Em comunicado conjunto, as duas empresas informaram que vêm mantendo "trataivas avançadas" para um potencial investimento que tem como objetivo a recuperação econômico-financeira da Avibras.
"A Avibras Aeroespacial e a DefendTex comunicam que vêm mantendo tratativas avançadas para viabilizar um potencial investimento que visa a recuperação econômico-financeira da Avibras, de forma a manter suas unidades fabris no Brasil, retomar as operações o mais breve possível e manter o fornecimento previsto nos contratos com o governo brasileiro e demais clientes", informa o comunicado divulgado pelas companhias.
Segundo o texto, as duas companhias estão finalizando os termos e condições desse investimento.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região divulgou posicionamento contrário à venda da Avibras, que tem mil funcionários. Segundo o sindicato, trata-se da entrega "de uma empresa brasileira estratégica para o capital estrangeiro e um enorme retrocesso para a soberania nacional".
Segundo o sindicato, os funcionários da Avibras não recebem salários há um ano. A entidade mantém os metalúrgicos mobilizados e vem defendendo a estatização da empresa. Até agora o governo federal não fez qualquer aceno para uma possível estatização.
Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras foi a primeira empresa no Brasil a construir aeronaves, desenvolver programas de pesquisa espacial e a fabricar veículos especiais para fins civis e militares. Localizada em Jacareí, no Vale do Paraíba, faz parte do principal centro de tecnologia aeroespacial do país. A empresa também participa do Programa Espacial Brasileiro, com fabricação de motores para foguetes.
O sindicato avalia que a notícia sobre a possível venda da Avibras embora possa significar esperança entre os funcionários para receber os salários atrasados, isso não significa garantia de empregos.
Essa é a terceira reestruturação da Avibras, empresa que já passou por uma concordata nos anos 90 e fez seu primeiro pedido de recuperação judicial em 2008. A empresa depende muito de compras feitas por outros países, além das Forças Armadas Brasileiras, com a pandemia a crise se instalou na empresa. Com o orçamento dos governos voltados à saúde, as vendas da empresa despencaram.
A DefendTex atua no mesmo segmento da Avibras, sendo uma das líderes do setor bélico, incluindo produitos como armas guiadas de precisão, energia e fabricação de foguetes.