Gaza

Retorno de deslocados em Gaza bloqueia negociações de trégua, diz Catar

Contudo, o primeiro-ministro catari considerou que essa questão "pode ser resolvida"

Soldados israelenses em território palestino - ZAIN JAAFAR / AFP

O retorno dos palestinos deslocados pela guerra entre Israel e Hamas em Gaza é o principal obstáculo para uma trégua, afirmou, nesta quarta-feira (3), o Catar, um dos mediadores das negociações.

"O regresso dos deslocados a seus lares, que os israelenses ainda não aceitam, é o principal ponto de bloqueio", declarou o primeiro-ministro catari, Mohammed bin Abdulrahman al Thani, em entrevista coletiva em Doha.

A segunda dificuldade gira em torno do número de palestinos presos que Israel deve libertar em troca dos reféns sequestrados pelo movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro, acrescentou.

Contudo, o primeiro-ministro catari considerou que essa questão "pode ser resolvida".

Faz semanas que Catar, Estados Unidos e Egito tentam obter uma trégua na guerra na Faixa de Gaza, assediada por Israel e à beira de uma crise de fome, e a libertação dos reféns israelenses.

Os mediadores tentaram, sem sucesso, acordar um cessar-fogo antes do início do ramadã (em 11 de março). Ambos os lados se acusam mutuamente de bloquear as negociações.

"Infelizmente, os pontos nos quais estávamos bloqueados quando negociamos em Paris em fevereiro são basicamente os mesmos nos quais estamos bloqueados hoje", disse o primeiro-ministro catari.

"Estamos fazendo tudo o que é possível para encontrar soluções, estamos fazendo tudo o que é possível para garantir que se encontre um terreno comum", acrescentou.

No domingo, o canal de televisão egípcio Al Qahera anunciou que as negociações deveriam ser retomadas no Cairo nesse mesmo dia.

A guerra começou em 7 de outubro, quando comandos islamistas infiltrados a partir de Gaza mataram pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os milicianos também sequestraram cerca 250 pessoas, das quais 130 permanecem em cativeiro em Gaza, entre elas 34 que teriam morrido, segundo Israel.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva militar em Gaza, que, até agora, deixou quase 33.000 mortos, a maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do território, governado pelo movimento islamista desde 2007.