Max estreia "Da Ponte pra Lá", série de suspense que retrata os contrastes sociais de São Paulo
Produção, que traz Gaz e João Guilherme no elenco, disponibiliza seus três primeiros episódios nesta quinta-feira (4)
“Nós aqui, vocês lá, cada um no seu lugar”. O trecho de uma das letras mais famosas dos Racionais MC's simboliza bem as divisões existentes em uma metrópole do tamanho de São Paulo. Não à toa, a música não só inspirou o título, como também abre o primeiro episódio de “Da Ponte pra Lá”, nova série brasileira da Max, que chega nesta quinta-feira (4), no serviço de streaming.
Criada por Thais Falcão e Erick Andrade, a história mergulha na distância entre as realidades do centro e da periferia da maior cidade da América Latina. Na trama, o jovem Ícaro (Victor Liam), garoto negro e periférico, morre em circunstâncias misteriosas. Sem acreditar na hipótese de suicídio apresentada pela polícia, Malu (Gabz), melhor amiga do rapaz, resolve investigar o caso por conta própria e, para isso, se infiltra na escola de elite onde o amigo era bolsista.
O contraste entre os dois ambientes frequentados por Ícaro e Malu estão presentes, inclusive, nas escolhas estéticas da série. “É algo bem sútil e não uma coisa maniqueísta. Os planos da parte mais rica de São Paulo são mais retos, a câmera se mexe um pouco menos e há menos cor. A gente move a câmera mais na ‘quebrada’ e tem mais cor”, explica Rodrigo Monte, diretor geral da série.
Ancorado no suspense, o thriller aposta no recurso narrativo do “quem matou?” para prender a atenção do público. “Uma opção do roteiro que a direção e que eu acho bem acertada é que o espectador descobre junto com a personagem [a identidade do assassino]. Eu acho que isso traz muita força. Há sempre alguma informação muito importante no final de um episódio exatamente para que você siga interessado no próximo”, diz o diretor.
Atriz e cantora, Gabz une suas duas vertentes artísticas em Malu, que participa de batalhas de rap. Carioca, a artista buscou se aprofundar na vivência paulistana para construir a personagem. “É muito doido a gente pensar o quanto a cidade nos constrói. Tive várias referências incríveis, desde Tasha e Tracie, MC Luana e outras meninas do hip hop, como também pessoas que não são desse universo. No período da gravação da série, comecei a conversar com pessoas na Praça Roosevelt e observar suas nuances de personalidade. Então, a Malu é um compilado de várias experiências”, conta.
Para Victor Liam, atuar em “Da Ponte para Lá” representou a estreia no audiovisual. Assim como Ícaro, o ator é um jovem trans e, por isso, gravou a série com consciência de sua representatividade. “Em todo momento eu tinha na cabeça que eu precisava passar uma mensagem. Eu precisava dizer, representar, lutar e mostrar que corpos trans importam”, ressaltou.
“Acho muito importante a gente poder falar de vozes que sempre foram suprimidas. Enquanto a gente estava gravando, eu lembrava muito de Demétrio Campos, um menino trans negro de São Paulo que passou por uma morte muito turbalenta”, citou Gabz, lembrando do caso que ocorreu em 2020.
No elenco, também estão nomes como Marcello Antony, Augusto Madeira, Virginia Cavendish e João Guilherme. O filho do cantor Leonardo interpreta Enzo, jovem problemático e privilegiado. O ator reconhece que a realidade do seu personagem é muito próxima da sua, mas destaca que suas escolhas são completamente diferentes. “Eu poderia, facilmente, ser um cara como o Enzo, mas graças a Deus eu não cultivo o tanto de coisa errada que ele alimenta dentro dele”, afirma.
“Da Ponte pra Lá” conta com sete episódios. Os três primeiros estão disponíveis com as estreias e, a cada semana, dois novos serão lançados.