Cantora portuguesa Mariza apresenta show dedicado a Amália Rodrigues, no Recife
Estrela do fado interpreta sucessos e mostra as faixas de álbum produzido por Jaques Morelenbaum, em shows por seis cidades do país; em Recife será no dia 28 de abril
A cantora portuguesa Mariza, intérprete aclamada da música portuguesa contemporânea, vem ao Brasil para apresentar o repertório do álbum “Mariza canta Amália” (2020), produzido pelo violoncelista, arranjador e condutor carioca Jaques Morelenbaum. O espetáculo, inédito no país, vai passar no mês de abril por São Paulo, Ilhabela, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília e Recife.
“É com grande alegria que estou de volta ao Brasil! Nesta turnê de sete concertos, vou revisitar meus temas mais conhecidos, incluindo o disco que ainda não toquei lá, gravado em tempo de pandemia no Rio de Janeiro, com nosso grande maestro Jaques”, exalta a artista, que já cantou com Gilberto Gil e Ivan Lins. “Também não vou deixar de aproveitar esta oportunidade para mostrar ao meu querido público brasileiro um vislumbre do álbum que estou preparando e que vai sair no final do ano.”
Iniciada há quase duas décadas, a parceria de Mariza com Morelenbaum começou em 2005, no CD “Transparente”, cuja produção foi assinada pelo músico, passou no mesmo ano por um show apoteótico aos pés da Torre de Belém, em Lisboa, e culminou com o trabalho inteiramente dedicado à maior diva da história do fado, Amália Rodrigues (1920-1999), que agora ela leva aos palcos tupiniquins, acompanhada pelo virtuose Luís Guerreiro (guitarra portuguesa), o mineiro radicado em Portugal Adriano “Dinga” Alves (baixo), Phelipe Ferreira (viola), João Freitas (bateria e percussão) e João Frade (Acordeão).
“A Mariza traz dessa vez a Amália, o grande marco, um sinônimo do fado. E me deu toda a liberdade para encarar o projeto da maneira mais natural possível, com respeito ao estilo, mas exercendo a linguagem de um músico brasileiro, com grandes nomes como o pianista e maestro Cristóvão Bastos”, afirma Morelenbaum.
“A Mariza apoiou totalmente minha tendência e vontade. E fico muito feliz que ela venha agora com um repertório tão lindo. É uma pessoa muito sensível, uma grande intérprete, e nossa amizade é muito fortalecida por esses laços musicais.”
Se interpretar o cancioneiro da “Rainha do Fado” pode parecer uma barreira intransponível e um desafio ingrato para muitas cantoras, Mariza atravessa o espinhoso terreno musical com a elegância de quem pode ser considerada a herdeira honoris causa de Amália.
Sob o manto sonoro dos arranjos elegantes e líricos de Morelenbaum — ora delicados, ora repletos da dramaticidade que apenas a nostalgia e a saudade que marcam o maior gênero português conseguem expressar —, a cantora exibe toda a maturidade de quem controla o próprio ofício com maestria, ainda com o mesmo frescor que seu canto exalava na juventude, através de interpretações arrebatadoras para clássicos como “Foi Deus” (Alberto Janes), “Estranha forma de vida” (Alfredo Duarte / Amália Rodrigues), “Barco negro” (Caco Velho / Piratini) e “Com que voz”, composta por Alain Oulman a partir de poema de Camões, e título do LP que é considerado a obra-prima de Amália, lançado em 1970.
E, de fato, com que voz Mariza conquista quem a escuta desde a mais tenra idade. Nascida em Lourenço Marques, atual Maputo, capital do Moçambique, a artista se mudou ainda na infância para Lisboa, onde foi criada ouvindo os grandes fadistas da Mouraria, tradicional bairro boêmio e musical da cidade. Foi à meia-luz das casas de fado lisboetas que sua paixão pela música passou a ser cultivada, levando-a a se tornar mais tarde, na virada do milênio, uma espécie de abre-alas e porta estandarte do que viria a se consolidar numa brilhante geração de cantores que levaram o fado ao século XXI, com reverência e modernidade, ao lado de nomes como Carminho, Ana Moura e António Zambujo, entre outros.
Em quase 25 anos de carreira discográfica, Mariza se consolidou não apenas como a nova embaixatriz da música portuguesa, mas também com uma grande estrela da World Music, com aclamados concertos por palcos sagrados como o Carnegie Hall, em Nova York, o Royal Albert Hall, em Londres, e o Palau de la Música Catalana, em Barcelona. E agora é a vez do público brasileiro poder ver e rever, ouvir e reouvir esta magnífica artista de invejável voz.
Afinal, se Amália é a eterna “Rainha do Fado”, Mariza, sem exageros — ou com o encantador e emocionante exagero de um fado bem cantado numa tasca portuguesa durante uma fria noite de inverno —, é sua princesa.
Serviço:
“Mariza canta Amália”
19/4: São Paulo — Tokio Marine Hall
20/4: Ilhabela — Teatro Vermelhos
21/4: São Paulo — Tokio Marine Hall
25/4: Porto Alegre — Teatro Bourbon Country
26/4: Rio de Janeiro — Vivo Rio
27/4: Brasília — Centro de Convenções Ulysses Guimarães
28/4: Recife — Teatro Guararapes