Ministério da Saúde

Lula faz afago à ministra da Saúde após críticas e diz que "fala mansa" é forma de ela cobrar

No último mês, o presidente disse que Nísia deveria "falar mais grosso" durante reunião ministerial

Ministra da Saúde Nísia Trindade junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Ricardo Stuckert/PR

Após cobranças por “não falar grosso” em reunião ministerial em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou publicamente a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e falou que o tom de fala da titular passa credibilidade.

Alvo de pressão do Congresso e do PT do Rio, Trindade fez um desabafo durante reunião da cúpula do governo no último dia 18, no Palácio do Planalto, e chegou a precisar sair da sala após se emocionar. Em seguida, ouviu cobranças de Lula, que falou que ela precisava falar de forma "mais grossa". Na ocasião, conforme o Globo mostrou, a ministra retrucou afirmando que não podia falar grosso por ser mulher.

— Se é um homem falando, ele certamente ia falar grosso. E ia dar a impressão que estava falando de coisas que são inexequíveis, que são impossíveis de serem feitas. Eu acho que a Nísia, falando manso do jeito que ela falou, eu posso até achar, Nísia, que as pessoas podem até alguém não gostar de você, mas eu duvido que tenha alguém que não acredite em cada palavra que você fala — declarou Lula nesta segunda-feira, em cerimônia ao lado de Trindade.

O presidente afirmou, ainda que, com “o jeito delicado de falar”, a titular “consegue falar com a alma”.

A reunião ministerial de março aconteceu em meio às denúncias de irregularidades e negligência nos hospitais federais do Rio de Janeiro. O orçamento previsto para 2024 para as unidades ultrapassa R$ 800 milhões, porém, além de indícios de mau uso de dinheiro público e corrupção — como direcionamento de licitação e compras superfaturadas, segundo uma nota técnica do Departamento de Gestão Hospitalar —, as unidades sofrem com condições precárias e dificuldades para atender pacientes.

As denúncias nas seis unidades federais do Rio causaram uma série de quedas no ministério e na gestão hospitalar, entre elas a do secretário nacional de Atenção Especializada à Saúde, Helvécio Miranda.