FENÔMENO

Milhões de pessoas se reúnem para assistir ao eclipse total na América do Norte

São planejados festivais, festas de observação e inclusive um casamento coletivo ao longo dos territórios onde o eclipse total poderá ser observado

Os eclipses totais ocorrem quando a Lua localiza-se exatamente entre a Terra e o Sol - Kent Nishimura/Getty Images/North America/Getty Images via AFP

Um eclipse total que será visível nesta segunda-feira (8) começando no México, passando pelos Estados Unidos e terminando no Canadá, atrai a atenção de milhões de pessoas, que veem neste fenômeno celeste uma oportunidade científica, econômica e até sentimental.

O evento deverá ser visível primeiro na costa oeste do México, a partir das 18h07 GMT (15h07 em Brasília). Cruzará então 15 estados americanos, do Texas ao Maine, antes de terminar no leste do Canadá.

São planejados festivais, festas de observação e inclusive um casamento coletivo ao longo dos territórios onde o eclipse total poderá ser observado, transformando o dia em noite por instantes.

Em algumas cidades como o Texas, a visão pode ser prejudicada pelo tempo nublado e pelas tempestades esperadas para a tarde desta segunda-feira.

"Um eclipse solar total é um dos eventos mais emocionantes que você pode vivenciar", disse a astrofísica Jane Rigby, principal cientista do projeto Webb da Nasa. "Sinta suas sensações. Você faz parte do universo", acrescentou.

A trajetória deste ano alcançará 185 quilômetros de largura e inclui uma região onde vivem 32 milhões de americanos. Outros 150 milhões vivem a menos de 320 quilômetros da faixa e aqueles que estão mais distantes poderão ver um eclipse parcial.

Segurança em primeiro lugar
Os eclipses totais ocorrem quando a Lua localiza-se exatamente entre a Terra e o Sol, bloqueando temporariamente a luz do grande astro em pleno dia.

O Sol é cerca de 400 vezes maior que a Lua, mas também está 400 vezes mais distante, então ambos parecem ter tamanhos semelhantes.

A Nasa transmitirá um vídeo ao vivo de três horas a partir de vários locais, apresentando imagens de telescópios e comentários de especialistas.

A região das Cataratas do Niagara chegou a declarar "estado de emergência" para controlar o fluxo de visitantes. A mesma medida foi tomada no Texas.

As autoridades americanas orientam sobre segurança há semanas, em particular a necessidade de usar óculos especiais para evitar lesões oculares.

O ex-presidente Donald Trump, que no último eclipse total nos Estados Unidos, em 2017, assistiu ao eclipse sem proteção, aproveitou a febre deste ano para lançar um anúncio de campanha, em que uma enorme silhueta da sua cabeça bloqueia a luz solar e anuncia o seu retorno como "o momento mais importante da história da humanidade".

Engarrafamentos
Muitas regiões serão beneficiadas com a chegada de turistas.

"Temos pessoas dos 50 estados, até do Alasca e do Havaí. Há turistas dos Países Baixos, Finlândia, Alemanha, Israel, Nova Zelândia", diz Jennyth Peterson, funcionária do parque Stonehenge II em Ingram, Texas, onde há um réplica da estrutura pré-histórica da Inglaterra.

"Este é o nosso terceiro eclipse solar", disse Jim Saltigerald, de 62 anos, ao lado da esposa e dois filhos.

Em Burlington, Vermont, a população poderá duplicar em um dia, segundo autoridades locais.

Em Russellville, Arkansas, 300 casais celebrarão uma grande cerimônia de casamento. "A Total Eclipse of the Heart", dizem os organizadores, evocando a famosa canção de Bonnie Tyler.

Muitos hotéis estão lotados há meses, com preços altíssimos, e são esperados engarrafamentos, como no último eclipse total nos Estados Unidos, em 2017. Muitas escolas fecharão ou permitirão que os alunos saiam mais cedo.

O eclipse também poderá ser admirado do ar: algumas companhias aéreas planejaram voos na escuridão, cujas passagens estão esgotadas.

Os astronautas da Estação Espacial Internacional também observarão o fenômeno, mas verão a sombra da Lua percorrendo a superfície da Terra.

Lançamentos
O evento também é de interesse científico. A Nasa lançará três pequenos foguetes antes, durante e logo após o eclipse na Virgínia, leste dos Estados Unidos.

O objetivo: medir as mudanças causadas pela escuridão na parte superior da atmosfera terrestre, a ionosfera, por onde passa grande parte dos sinais de comunicação.

A coroa solar, a camada externa da atmosfera do Sol, torna-se especialmente visível durante um eclipse e é onde ocorrem as erupções solares.

O próximo eclipse total visível nos Estados Unidos (excluindo o Alasca) ocorrerá em 2044. Antes disso, um eclipse total ocorrerá na Espanha, em 2026.