Flávio Bolsonaro nega impacto de perseguição armada de Zambelli no resultado da eleição
'Acho até que ela se arrepende daquela postura', pontuou o senador, que classificou o episódio como um 'ato isolado'
Alvo de críticas em setores bolsonaristas desde o fim de 2022, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ganhou apoio público de um dos filhos do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Em participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, o parlamentar rechaçou a hipótese de que a derrota do pai na disputa pela reeleição tenha sido influenciada por um episódio envolvendo Zambelli, flagrada numa perseguição armada a um homem negro em São Paulo às vésperas da disputa do segundo turno.
Nos bastidores, o próprio Jair Bolsonaro (PL) já creditou parte do peso de seu revés contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à postura da aliada. O discurso encontrou eco em outras figuras próximas ao ex-presidente, como senador Ciro Nogueira (PP), ex-ministro da Casa Civil, que chamou Zambelli de "louca" em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo ao definir que o grupo político perdeu a eleição "para nós mesmos". A tese, contudo, foi refutada por Flávio:
— Quero aproveitar para desfazer uma grande injustiça que acontece hoje. As pessoas colocam na conta da deputada Carla Zambelli o Bolsonaro ter perdido, por causa daquele fato que ocorreu um ou dois dias antes das eleições. Reafirmo aqui: a Carla sempre foi uma parlamentar 100% alinhada conosco, uma mulher correta, uma batalhadora. Já passou muita dificuldade na vida. Uma das mais bem votadas na história das eleições. E não foi isso que interferiu nas eleições. Indiscutivelmente o processo eleitoral pesou muito mais — defendeu o senador, que, ao longo da participação no programa, questionou a imparcialidade da Justiça Eleitoral por uma suposta postura contrária ao então aspirante à reeleição.
No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu uma ação penal contra Zambelli por conta do episódio, quando ela, armada, perseguiu um homem negro após uma discussão de cunho político. Em novembro, a deputada foi mantida como ré por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
Embora a parlamentar tenha porte de arma, o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo, defendeu que "o uso fora dos limites da defesa pessoal, em contexto público e ostensivo, ainda mais às vésperas das eleições, em tese, pode significar responsabilidade penal". Na entrevista, Flávio Bolsonaro disse acreditar que a aliada se arrependeu do ocorrido.
— Acho até que ela se arrepende daquela postura — pontuou o senador, que classificou a cena como um "ato isolado na vida dela".
As acusações relativas ao episódios às vésperas do segundo turno não são as únicas complicações jurídicas que envolvem Zambelli. Em março, por exemplo, a deputada e o hacker Walter Delgatti Neto foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por falsidade ideológica e invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para supostamente inserir mandados de prisão falso, entre eles um que tinha como alvo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).