guerra na ucrânia

EUA entregam carregamento de armas apreendidas do Irã à Ucrânia, incluindo 5 mil fuzis AK-47

Armamentos e munições foram apreendidos entre 2021 e 2023, em navios comandados pela Guarda Revolucionária do Irã, e seriam entregues a rebeldes Houthis, no Iêmen

Imagem divulgada pelo Centcom mostra armas apreendidas do Irã e enviadas para a Ucrânia - Comando Central dos Estados Unidos (Centcom)/ Twitter

Os Estados Unidos anunciaram, nesta terça-feira, o envio de um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, incluindo mais de 5 mil fuzis AK-47 e 500 mil cartuchos de munição, apreendidos em embarcações do Irã, no momento em que seriam transferidas para os rebeldes Houthis, do Iêmen. A entrega, concluída na quinta-feira (4) da semana passada, é um breve alívio para Kiev, que enfrenta dificuldades para repor o arsenal em meio à guerra com a Rússia.

"O governo dos Estados Unidos transferiu mais de 5 mil AK-47, metralhadoras, rifles de precisão, RPG-7 e mais de 500 mil cartuchos de munição 7,62 mm para as Forças Armadas ucranianas", afirmou o Comando Central dos EUA (Centcom) nas redes sociais, acrescentando que o carregamento é suficiente para equipar uma Divisão do Exército ucraniano.

Em um momento em que Kiev sofre com a escassez de munições e um novo pacote de ajuda dos EUA é bloqueado pelos congressistas americanos no Congresso, o envio só foi possível graças à origem da carga, apreendida no momento em que seriam entregues por homens da Guarda Revolucionária do Irã a rebeldes Houthi. O governo americano obteve a propriedade das munições em 1 de dezembro de 2023, através de pedidos de confisco civil do Departamento de Justiça, segundo o Centcom.

"Essas munições foram originalmente apreendidas pelo Comando Central dos EUA e pelas forças navais parceiras de quatro navios apátridas em trânsito separados, entre 22 de maio de 2021 e 15 de fevereiro de 2023. As munições estavam sendo transferidas do IRGC para os Houthis no Iêmen, em violação da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas", acrescentou o comando militar americano na nota publicada nesta terça.

Os Houthis são um dos grupos que integram o chamado Eixo da Resistência, uma coalizão de grupos e movimentos armados, assim como regimes do Oriente Médio, que se opõem à influência do Ocidente na região e ao Estado de Israel. O grupo é diretamente influenciado e fomentado pelo Irã, que utiliza alguns de seus integrantes para atingir objetivos estratégicos.

Com o conflito entre Israel e Hamas — outro integrante do Eixo — em Gaza, vários desses grupos escalaram suas operações. Os Houthis, por exemplo, passaram a atacar embarcações no Golfo de Áden e no Mar Vermelho, em retaliação à ofensiva de Israel no enclave palestino. Outro movimento, o Hezbollah libanês, lançou ataques aéreos contra o norte do Estado judeu.

Embora ocorram em palcos distintos e por motivações diferentes, as guerras no Oriente Médio e no Leste Europeu compartilham uma série de atores e interesses geopolíticos. Em meio à guerra na Ucrânia, a Rússia fortaleceu laços com o Irã, incluindo trocas de material bélico e militar — o que tornou a nação persa, acusada por Israel de ser a grande idealizadora da hostilidade regional contra o país, um aliado importante para o principal agressor de Kiev.

"O apoio do Irã aos grupos armados ameaça a segurança internacional e regional. Continuaremos fazendo todo o possível para esclarecer e parar as atividades desestabilizadoras do Irã", acrescentaram os militares americanos na nota.