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Disputa entre presidente da Petrobras e ministro envolve também projeto sobre combustíveis; entenda

Estatal quer usar incluir produção de diesel renovável em mistura

Jean Paul Prates - Pedro França/Agência Senado

O embate entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, envolve também o projeto de lei batizado de "combustível do futuro", aprovado pela Câmara dos Deputados em março e em discussão no Senado.

A proposta prevê a adição de combustíveis renováveis aos de origem fóssil, com impacto na gasolina, no diesel, e querosene de aviação. A proposta é de autoria do Executivo.

A Petrobras tenta alterar no Senado o projeto de lei. A empresa questiona a definição legal de produção de biodiesel e quer espaço para o diesel renovável que produz em suas refinarias.

Ainda nas audiências para discutir o projeto na Câmara, a Petrobras se posicionou contra o aumento da mistura do biodiesel no diesel e adição de biometano ao gás natural, argumentando que isso elevaria custos para a indústria. Contudo, as medidas foram mantidas pelo relator, Arnaldo Jardim (PT-SP).

Pelo projeto, a mistura obrigatória do etanol passa de 22% para 27%, podendo chegar até 35%. Já a porcentagem de biodiesel irá aumentar 1% ao ano até 2030, chegando a 20% da mistura com diesel. Atualmente a porcentagem é de 14%.

Prates estaria articulando pela inclusão do diesel co-processado, produzido pela Petrobras, no programa.

Auxiliares de Silveira alegam que o PL é essencial para enfrentar a concorrência do automóvel elétrico no país e argumentam ainda que a medida estimula a substituição da antiga frota movida apenas a gasolina.

Em resposta ao receio dos caminhoneiros sobre os efeitos da mistura do biodiesel nas peças e em relação ao desempenho do veículo, o Executivo se compromete em atuar para melhorar a qualidade do produto.

O ministro também cobra de Prates maior engajamento com projetos do governo, que não necessariamente estão em linha com os interesses da companhia, como investir na produção de fertilizantes e na área de refino.

Segundo interlocutores do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não bateu o martelo sobre a permanência de Prates no comando da Petrobras.