MOÇÃO DE LOUVOR

Reunião na Câmara que tratava de homenagem a Musk tem bate-boca entre governista e bolsonarista

Pedido para a homenagem a Elon Musk partiu do deputado Coronel Meira (PL-PE)

O plenário da Câmara dos Deputados - Mario Agra/Câmara dos Deputados

A sessão da Comissão de Segurança da Câmara, que aprovou nesta terça-feira (9) uma moção de louvor e aplausos ao empresário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), que ameaçou descumprir decisões judiciais no Brasil determinadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, teve bate-boca entre bolsonaristas e um deputado governista. Durante o entrevero, o deputado Gilvan da Federal (PL-ES) chegou a desafiar Glauber Braga (PSOL-RJ) a "falar dele fora do Congresso".

A sessão foi marcada pela ausência de governistas. Apenas Braga e Alencar Santana compareceram à sessão. O pedido para a homenagem a Elon Musk partiu do deputado Coronel Meira (PL-PE) que citou a política de segurança pública do Brasil durante as suas considerações.

— O Brasil é um pais assolado pela corrupção e crime organizado. Espero que o nosso nobre deputado reconheça isso daqui a pouco quando fizer a sua fala — disse em referência a Braga, que havia se inscrito para discursar. O deputado do PSOL, ao falar, citou um suposto envolvimento entre familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro e milicianos do Rio de Janeiro.

— O senhor, Coronel Meira, citou o crime organizado, sem citar que o então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador, empregou familiares de um miliciano — disse.

Gilvan da Federal, que ouvia o discurso de Glauber com uma bandeira do Brasil nos ombros, se manifestou de maneira contrária. Glauber, então, passou a se referir a Gilvan.

— Não adianta colocar uma bandeira do Brasil nos ombros e se ajoelhar para um bilhonário que atenta contra a democracia.

Gilvan levantou da cadeira e precisou ser contigo pelos colegas, enquanto mandava o outro parlamentar "lavar a boca para citar o seu nome". Em um momento, ele chegou a desafiar Glauber a provocá-lo fora da Câmara e o chamou de "covarde". Em resposta, Glauber disse que o bolsonarista era "um frouxo". Os demais deputados precisaram conter os ânimos dos dois.

Diante das recorrentes interrupções de Glauber às falas dos bolsonaristas da comissão, o presidente do colegiado, deputado Alberto Fraga (PL-DF), afirmou que não faria mais acordos com os governistas para que as pautas pudessem ser apreciadas. Ele também disse que irá remeter a conduta de Glauber ao Conselho de Ética.

— Foi feito um acordo antes desta sessão para que não houvesse obstrução. E o senhor está fazendo este papel? Eu não vou mais atender a pedidos de governistas — disse Fraga.

A Comissão de Segurança, que tem maioria bolsonarista, deixou de votar nesta terça a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para que preste esclarecimentos sobre uma suposta interferência na direção-geral da Polícia Federal no curso de um inquérito que apura a compra de respiradores no período em que era governador da Bahia. Em nota oficial, Rui Costa negou ter tratado “sobre a compra de respiradores ou de qualquer outro equipamento de saúde durante sua gestão”. Fraga pediu aos parlamentares para que aguardassem o avançar das investigações sobre o tema antes da votação de uma convocação.