Caso Marielle

Em audiência, Chiquinho Brazão diz que família de vereadora ''quer é que a verdade apareça''

Imagens mostram o parlamentar, além de Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa respondendo a perguntas por videoconferência

Chiquinho Brazão, deputado federal - Mario Agra/Câmara dos Deputados

Na audiência de custódia pela qual passou o deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), o parlamentar afirmou que, assim como ele, a família da vereadora Marielle Franco “quer e que a verdade apareça”. As imagens das videoconferências realizadas com representantes da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal no dia de sua prisão foram obtidas com exclusividade pelo Globo.

Chiquinho foi o segundo a ser ouvido. Vestido com uma camisa polo, ele respondeu a perguntas feitas pelo desembargador Airton Vieira, auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, por 28 minutos. As questões iniciais, comuns a todos, dizem respeito às informações pessoais, como nome, profissão, data de nascimento, filiação, endereço, grau de escolaridade, estado civil e idades dos filhos.

Ao magistrado, descreveu a conduta dos policiais federais como “gentil” e “cordial” e, ao terminar os questionamentos, pediu para fazer uma última consideração:

“Doutor, o que mais a minha família, eu e com certeza a família de Marielle quer é que a verdade apareça. Isso com certeza, pelos meus filhos, eu que já tenho três netos. Viver com essa situação toda é terrível”, afirmou o deputado.

A audiência de custódia é o momento em que uma pessoa que foi presa é apresentada e ouvida por um juiz, que analisa a legalidade da prisão, sem entrar no mérito da acusação.

Nos vídeos, Chiquinho, seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa aparecem acompanhados por advogados. Suspeitos de serem os mandantes dos homicídios de Marielle e do motorista Anderson Gomes, eles foram encaminhados à sede da Superintendência da PF, no Centro do Rio, no dia 24 de março. Foi no local onde estavam que se deu a audiência remota.

Ao ser ouvido, Domingos afirmou ao juiz que o cumprimento do mandado de prisão preventiva se deu “com firmeza, mas com educação”, afirmando que os policiais se limitaram a seguir “estritamente o que foi determinado pelo ministro, cumprindo seu papel”. Sua audiência durou 19 minutos.

Ao fim, após Vieira dar a audiência por encerrada, Domingos diz: “Eu agradeço a Vossa Excelência e tenho confiança na verdade”.

Por último, foi ouvido Barbosa, por 13 minutos. Durante a mensagem de despedida de Vieira, ele disse: “Eu tenho certeza de que tudo será esclarecido”.

De acordo com as investigações, enquanto Chiquinho e Domingos Brazão teriam ordenado os homicídios, Barbosa teria atuado para protegê-los, por ser então chefe da Polícia Civil do Rio. Todos foram citados no acordo de delação premiada de Ronnie Lessa, ex-policial militar preso pela execução das vítimas. Eles negam participação no crime.