JULGAMENTO

Mulher é condenada a um mês de prisão após roubar e vender diário da filha de Joe Biden

Aimee Harris, mãe de duas crianças, encontrou as anotações e outros pertences de Ashley Biden na casa de um amigo na Flórida; antes, ela teria tentado vender para a campanha de 2020 de Donald Trump

Joe Biden - Oliver Douliery/AFP

O tribunal federal de Manhattan condenou, nesta terça-feira (9), uma mulher de 41 anos a um mês de prisão em regime fechado e três meses de prisão domiciliar após roubar e tentar vender o diário e outros pertences da filha do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao grupo conservador Project Veritas. A juíza Laura Taylor Swain classificou as ações de Aimee Harris como "desprezíveis e, consequentemente, muito sérias".

Harris, segundo a ABC News, teria encontrado o diário de Ashley Biden e pertences — incluindo um cartão de armazenamento digital, livros, roupas, malas e outros — na casa de um amigo em Delray Beach, na Flórida, em 2020, onde a filha do líder americano teria se hospedado no local temporariamente na primavera (hemisfério norte) daquele ano.

A ré confessou ter recebido US$ 20 mil dos US$ 40 mil pagos pelo Projeto Veritas pelos itens pessoais pertencentes à Ashley, após viajar para a Nova York para entregar o objeto, pouco antes das eleições.

O grupo, fundado em 2010 pelo ativista conservador James O'Keefe, é denominado como uma empresa de jornalismo sem fins lucrativo que trabalha para expor, entre outros, casos de corrupção e condutas impróprias em instituições públicas e privadas. A iniciativa frequentemente utiliza documentos falsos e câmeras escondidas a fim de constranger democratas, sindicatos, jornais e outras entidades.

Segundo Swain, ao proferir a sentença, Harris e o corréu Robert Kurlander, de 60 anos, a quem a mulher pediu ajuda para vender o diário, teriam tentado primeiro vender, mas sem sucesso, os itens para a campanha presidencial do ex-presidente Donald Trump. A juíza afirmou que Harris, para além da ganância, esperava impactar o cenário político do país.

Além das penas de prisão, Harris foi condenada a três anos de liberdade condicional e foi obrigada a devolver o dinheiro da venda. Em agosto de 2022, ela e Kurlander, que ainda não foi condenado, se declararam culpados de conspiração para transportar bens roubados através de fronteiras estaduais. Kurlander foi anteriormente condenado por fraude em um tribunal federal na Flórida. Ele também enfrenta pena de prisão, mas, ao contrário de Harris, decidiu cooperar com os promotores.

'Queria prejudicar Biden'
Durante a audiência, Harris chorou e pediu desculpas à filha de Biden, cujo advogado, segundo a emissora, observava a audiência da seção de espectadores do tribunal.

— Não acredito que estou acima da lei — disse, admitindo estar arrependida de ter tornado pública as memórias da infância da mulher. — Sou uma sobrevivente de abuso doméstico de longa duração e trauma sexual.

O advogado de Harris, Anthony Cecutti, pediu para que não fosse dada uma pena de prisão, citando a vida traumática de sua cliente e seus esforços para cuidar dos filhos, de 6 e 8 anos, enquanto se recuperava do abuso e violência.

Os promotores pediram à juíza este mês que impusesse uma sentença de quatro a 10 meses de prisão, dizendo que Harris “se envolveu repetida e consistentemente em táticas para atrasar indevidamente este processo”. Swain finalmente ameaçou prendê-la e trazê-la para Nova York pelos marechais dos EUA se ela não cumprisse as ordens do tribunal.

— Ela [Harris] carrega o estigma e a vergonha de suas ações — afirmou Cecutti, o que foi rebatido pelo procurador assistente dos EUA, ao afirmar que Ashleu era "a vítima neste caso".

De acordo dom Robert Sobelman, Harris roubou "tudo o que pudesse colocar em suas mãos", na esperança de que pudesse "ganhar o máximo de dinheiro possível".

— Ele queria prejudicar o pai da senhorita Biden — defendeu o procurador assistente.

Harris foi instruída a se apresentar na prisão em julho.