Os sete sinais de que o café é ruim para você, mas que muitos não percebem
Saiba quais são os efeitos colaterais que podem indicar que uma pessoa deve moderar consumo de café ou evitá-lo completamente
A experiência de beber café não é igual para todos, mas o ritual de beber uma xícara pela manhã se repete quase como um ato involuntário para diversas pessoas ao redor do mundo. Muitos também relatam depender dessa bebida para começar o dia bem ou para serem produtivos no trabalho.
A plataforma de pesquisa de mercado Gitnux destaca que a indústria espera que o mercado cafeeiro global cresça a uma taxa anual de 4,65% entre 2022 e 2027. Em relação aos números da região, o Relatório do Café e suas Perspectivas da Organização Internacional do Café indicam que o Brasil é líder de mercado na América do Sul e representa 83,3% do consumo de café da região nos últimos anos. Ao mesmo tempo, nota-se que a Argentina registou o crescimento mais rápido no consumo, com um aumento de 15,2%, equivalente a 0,7 milhões de sacas de café no mesmo período.
No entanto, quem tem intolerância ou sensibilidade à cafeína pode apresentar uma ampla gama de sintomas horas após o consumo. Alguns dos sinais mais comuns são aqueles relacionados à indigestão ou dor de estômago. Porém, existem outros desconfortos como dor de cabeça, sensação de cansaço ou exaustão, mal-estar geral, prisão de ventre, dores nas articulações e erupções cutâneas, entre outros.
De acordo com um estudo produzido pelo departamento de Saúde da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), a cafeína é rápida e completamente absorvida pelo corpo. Segundo o levantamento, cerca de 45 minutos depois de beber uma xícara de café, 99% da cafeína que a bebida contém já foi absorvida, sendo transportada do trato digestivo para a corrente sanguínea, onde pode atingir níveis máximos aos 15 minutos de seguintes após o seu consumo.
Razões pelas quais a cafeína pode ser ruim para você
Depois de algumas horas, os especialistas explicam, certas enzimas do fígado começam a metabolizar ou decompor gradualmente a cafeína através de uma série de etapas. — Em um jovem adulto saudável, o fígado leva cerca de seis horas para reduzir pela metade a quantidade de cafeína circulante. Mas à medida que as pessoas envelhecem, as enzimas envolvidas no metabolismo da cafeína tornam-se menos eficientes, o que leva a uma taxa de eliminação mais lenta — os profissionais ressaltam, destacando que fatores como a gravidez, o tabagismo e a ação de certos medicamentos também podem a velocidade na qual a cafeína é metabolizada.
Pesquisadores da Clínica Mayo, uma organização sem fins lucrativos responsável pela prestação de assistência médica nos Estados Unidos, afirmam que a cafeína pode ser contraproducente em pessoas com problemas de pressão arterial. Uma das hipóteses que cogitadas é substância pode bloquear um hormônio que ajuda a manter as artérias dilatadas. Outra teoria é que a cafeína faz com que as glândulas suprarrenais liberem mais adrenalina, o que aumenta a pressão arterial.
Além disso, eles indicam nesses casos evitar o consumo de cafeína minutos antes de realizar atividades que aumentem naturalmente a pressão arterial, como exercícios, levantamento de peso ou trabalhos físicos intensos.
Liliana Papalia, especialista em Nutrição e Obesidade pela Universidade Favaloro, em Buenos Aires, esclarece que, em termos gerais, recomenda-se o consumo de café em quantidades moderadas, pois tudo em excesso será sempre de alguma forma um fator de desequilíbrio para o bem-estar do paciente.
A médica ressalta que, a menos que você tenha alguma patologia gástrica como úlcera, hérnia de hiato grave ou algum tipo de afecção na cavidade oral, região mais irritada pelo café, não há contraindicações para tomar e consumir cafeína.
Embora várias instituições médicas já apontem que o consumo de cafeína em crianças e adolescentes não é seguro, é necessário também evitar sua mistura com álcool e outras drogas que podem levar a condições de saúde de risco.
O estudo “Resposta metabólica do cérebro humano à cafeína e os efeitos da tolerância”, publicado no periódico médico The American Journal of Psychiatry, relata que indivíduos intolerantes a essa substância experimentam sofrimento psicológico e fisiológico substancial em resposta à ingestão de cafeína. — Aumentos significativos no lactato cerebral, um fluido que fornece suporte mecânico ao cérebro e contribui para a remoção de produtos metabólicos ou residuais, foram observados global e regionalmente específicos nos indivíduos — afirma o texto do artigo.
Além disso, são expressos como possíveis sinais de intolerância/sensibilidade à cafeína:
Dor de cabeça
Insônia
Nervosismo
Irritabilidade
Incapacidade de controlar a vontade de urinar
Batimento cardíaco acelerado
Tremores musculares
Apesar de ser o produto de uma semente que contém a substância estimulante cafeína, alguns dos efeitos secundários do consumo ou da intolerância podem estar mais ligados ao processamento do grão de café, a médica esclarece.
— Os ingredientes que são adicionados ao café quando ele é embalado influenciam nos sintomas, portanto, podem produzir efeitos indesejados, mas mais pelos outros componentes do que pela própria substância natural — Papalia afirma.
A influência genética
Um estudo de 2011 publicado pela Oxford Academic revela que cerca de 10% da população carrega um gene ligado ao aumento da ingestão de cafeína. Ou seja, eles conseguem consumir grandes quantidades de cafeína no final do dia e não sentir efeitos colaterais indesejados, como insônia ou ansiedade.
Esse gene foi nomeado como CYP1A2 e parece influenciar fortemente a sensibilidade do corpo à cafeína. Isso ocorre porque ele exerce controle sobre uma enzima responsável por quebrar a cafeína e eliminá-la do corpo.
Os pesquisadores encontraram duas variações desse componente genético: uma versão de metabolização rápida e outra de processamento lento. Aqueles indivíduos que herdam duas cópias do gene do metabolismo rápido processam o café quatro vezes mais rápido do que aqueles com metabolismo lento. Estes últimos precisam ter cuidado com o consumo de cafeína, pois seu organismo a elimina mais lentamente e é mais afetado por seus efeitos estimulantes.