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Lucro da chinesa ByteDance, dona do TikTok, dispara 60%, para US$ 40 bilhões

Faturamento da empresa subiu para quase US$ 120 bilhões, com sua principal plataforma em vias de se tornar um super app, com comércio eletrônico e até delivery

TikTok - Lieonel Bonaventure/AFP

O lucro da chinesa ByteDance disparou cerca de 60% em 2023, superando os ganhos das também gigantes chinesas Tencent e Alibaba, em um sinal da resiliência da dona do TikTok em face de uma desaceleração econômica da China.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização saltou de US$ 25 bilhões em 2022 para mais de US$ 40 bilhões no ano passado, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas. A startup mais valiosa do mundo também aumentou seu faturamento de US$ 80 bilhões para quase US$ 120 bilhões, disseram as pessoas.

Os resultados marcam a primeira vez que a ByteDance ultrapassou a arquirrival Tencent tanto em receita quanto em lucro, já que aproveitou suas populares plataformas de vídeos curtos para expandir-se para o comércio eletrônico internacional e manter sua popularidade global.

Embora os números internos da ByteDance não tenham sido auditados de forma independente, eles sugerem que o rolo compressor de mídia social que transforma anúncios se tornou um dos gigantes tecnológicos de crescimento mais rápido do mundo em 2023.

Um porta-voz da ByteDance não respondeu a um pedido de comentário.

No ano passado, a dona do TikTok e do gêmeo chinês Douyin consolidou sua posição como um dos líderes da internet na China, ao lado da Tencent e do grupo Alibaba, que têm lutado para reacender o crescimento em um momento de incerteza econômica e cautela do consumidor na China.

No mercado doméstico, a Douyin está se transformando em uma plataforma multifuncional semelhante ao WeChat da Tencent, com seus recursos adicionais invadindo o território de comércio eletrônico da Alibaba e competindo com a Meituan para pedidos de entrega de alimentos.

Mesmo com os bons resultados, a ByteDance decidiu reformular a administração de suas operações na China em fevereiro, com Kelly Zhang deixando o cargo de executivo-chefe sem planos de nomear um sucessor.

No exterior, o lançamento bem-sucedido da TikTok Shop em mercados como os Estados Unidos e o Sudeste Asiático abriu novas fontes de receita além do marketing digital.

Crise nos EUA
A TikTok está buscando aumentar em dez vezes o tamanho de seu negócio de comércio eletrônico nos EUA este ano. Ela tem 170 milhões de usuários no país.

Isso apesar da crise existencial da TikTok em seu mercado mais lucrativo. Em março, a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou um projeto de lei para proibir o TikTok no país, a menos que a ByteDance venda seu valioso ativo, embora a medida enfrente um resultado menos certo no Senado. A revanche pela presidência dos EUA entre Joe Biden e Donald Trump no fim do ano, juntamente com a resposta de Pequim, também pode complicar as coisas.

Assim como seus pares na China, a ByteDance começou a desfazer suas apostas arriscadas nos últimos meses. Ela cortou centenas de empregos em suas unidades de desenvolvimento de jogos e de software empresarial, que reduziram a lucratividade e, em grande parte, não cumpriram suas promessas. Em vez disso, a empresa está tentando se atualizar em IA generativa, criando seus próprios chatbots e um grande modelo de linguagem.

A tão esperada estreia da ByteDance no mercado de ações continua sendo uma possibilidade distante, uma vez que a empresa está enfrentando um escrutínio elevado nos EUA. Em dezembro, a empresa ofereceu a recompra de até US$ 5 bilhões em ações de investidores em uma avaliação de US$ 268 bilhões. Em seu auge, a ByteDance foi avaliada em mais de US$ 400 bilhões em algumas negociações privadas.