guerra no oriente médio

Seis meses de guerra: imagens de satélite mostram a destruição na Faixa de Gaza

Até 57% dos edifícios na Faixa foram destruídos ou danificados, de acordo com uma análise da Universidade de Oregon, mas o percentual chega a 75% na Cidade de Gaza

Imagens de satélite de Gaza - Maxar

A destruição atinge todos os cantos da Faixa de Gaza. As imagens captadas pelos satélites do enclave palestino mostram infraestruturas críticas em ruínas, cidades arrasadas ou as precárias condições em que vivem os deslocados. O mapa a seguir destaca as construções que sofreram danos durante meio ano de guerra.

Até 57% dos edifícios na Faixa foram destruídos ou danificados, de acordo com uma análise da Universidade de Oregon, mas o percentual chega a 75% na Cidade de Gaza. A capital do enclave palestino foi o alvo inicial dos ataques de Israel em retaliação ao atentado mais mortífero sofrido pelo Estado judaico, perpetrado por membros do Hamas. Uma comparação das imagens de satélite antes do conflito e atuais permite observar a cidade arrasada, especialmente nos bairros mais próximos ao mar.

O detalhe das fotografias tiradas pelo satélite Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia, revela a dimensão da tragédia. O hospital Al Shifa, que era o maior complexo hospitalar da Faixa, foi alvo de tropas israelenses por duas semanas. Ficou como um "casco vazio" de edifícios carbonizados, escombros e cadáveres, conforme denunciou no último sábado uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que teve acesso ao que resta de suas instalações.

Com o passar dos meses, o exército de Israel ampliou seus ataques ao sul do enclave, onde a população civil havia sido forçada a se retirar enquanto Gaza era sitiada.

Há quatro meses, as tropas de Israel entraram em Jan Yunis, a segunda maior cidade da Faixa e apontada pelos israelenses como bastião dos islamitas. No domingo, o exército anunciou a retirada de suas tropas terrestres da área, em um movimento visando "recuperar-se" diante da preparação de "futuras operações", segundo um porta-voz da inteligência militar israelense. A cidade foi arrasada, conforme relataram à Reuters vários dos habitantes que retornaram após os ataques.

Mais de 33 mil palestinos morreram desde o início do conflito, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Pelo menos 13 mil eram crianças, segundo a Unicef. A destruição das infraestruturas de saúde impede que a população civil tenha acesso aos cuidados médicos mais básicos, medicamentos ou tratamentos vitais. A comparação a seguir mostra os arredores do principal hospital de Jan Yunis, em abril e em 2023.

Em Rafah, a última cidade palestina antes da fronteira com o Egito, mais de 1,4 milhão de deslocados se amontoam de uma população total de 2,2 milhões de gazenses.

A situação de mais da metade dos gazenses que ainda estão vivos é "catastrófica", conforme apontado há duas semanas por organizações internacionais. Toda a população da Faixa sofre de desnutrição, um milhão de pessoas perderam suas casas e duas em cada três foram deslocadas, estima um relatório da ONU e do Banco Mundial. Uma grande parte vive em tendas nos arredores das cidades, como se vê nesta vista de Rafah.

O que eram áreas vazias há apenas alguns meses se tornaram fileiras de tendas. A extensão dos novos acampamentos erguidos pelos deslocados é tal que se pode caminhar por eles por quilômetros. As lonas brancas e azuis sob as quais os gazenses buscam abrigo são visíveis das imagens de satélite. Ao nível do solo, outros detalhes são perceptíveis, como as condições das famílias que se preparavam para o fim do Ramadã na terça-feira.