Governo vai orientar para manter prisão de Brazão, mas tem dúvidas se há maioria na Câmara
Integrantes da base reconhecem que muitos deputados estão insatisfeitos com STF e querem dar recado na votação
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que vai orientar a base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a votar para manter a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). O caso vai ser analisado nesta quarta-feira em votações na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário da Casa.
Apesar disso, integrantes da articulação política do governo Lula admitem que há um movimento crescente para soltar Chiquinho. Líderes da base do governo conversaram com parlamentares de partidos do Centrão e o sentimento é de que há uma insatisfação com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, responsável por determinar a prisão do deputado no dia 24 março.
Chiquinho e seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, foram presos acusados de serem mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Integrantes da base governista avaliam que há maioria na CCJ para manter a prisão, mas reconhecem que há um movimento para que deputados não participem da votação no plenário, com o objetivo de impedir que a prisão de Brazão consiga o número mínimo de votos para ser confirmada (257 deputados).
Há muitos parlamentares fora do Brasil, como Mendonça Filho (União-PE), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF). O presidente do Republicanos e vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP), também avalia faltar a votação nesta quarta (10).
Deputados do Centrão manifestaram incômodo com a forma como a prisão foi feita. O entendimento é que não cabe prisão preventiva de um parlamentar e que a decisão do STF pode abrir precedentes para que outros deputados sejam presos no futuro. O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), disse ser contra a decisão do Supremo. O entendimento é compartilhado pela maioria da bancada da sigla, que é a terceira maior da Casa.
Deputados do PP e do Republicanos, partido que chegou a abrir negociação para filiar Brazão, também abrigam deputados insatisfeitos com a prisão.
Apesar do movimento do Centrão, também há uma avaliação, mesmo entre deputados contra a prisão que o assassinato de Marielle é um caso de forte comoção popular e que o fato de o voto não ser secreto pode inibir alguns parlamentares e fazer com que eles votem para manter a prisão.