América Latina paga preços mais altos que demais continentes, diz o Banco Mundial
Preços altos podem ser decorrentes da falta de concorrência; região, porém, pode se gabar de um 'bom manejo da inflação, reflexo de décadas de reformas econômicas
Os consumidores da América Latina e do Caribe pagam preços mais altos que os do restante do mundo, em parte pela "falta de concorrência", segundo o economista-chefe do Banco Mundial para a região. A América Latina "chegou a uma conjuntura crítica" porque, apesar de ter feito "avanços significativos na estabilização econômica, o crescimento estagnou", segundo o relatório da instituição financeira, intitulado "Concorrência: o ingrediente que falta para crescer?", publicado nesta quarta-feira (10).
O Banco Mundial (BM) prevê que a economia regional vá crescer 1,6% este ano, e 2,7% e 2,6% em 2025 e 2026, respectivamente. "São as taxas mais baixas em comparação com todas as outras regiões do mundo, e insuficientes para impulsionar a prosperidade", destacou em um comunicado. Os consumidores são prejudicados por esse contexto, pagando preços mais altos que os do restante do mundo.
Os preços "são altos porque, possivelmente, temos falta de concorrência, e isso implica em que o consumidor está pagando a conta", explicou à AFP William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. Em um cenário de grande concentração empresarial, algumas companhias dominam e influenciam os mercados e têm poucos estímulos para inovar, avalia a instituição.
Dados apontam que 70% dos trabalhadores são autônomos ou trabalham em empresas com menos de dez funcionários, em sua maior parte ocupados em atividades de baixa produtividade, assinala o Banco Mundial.
"Isso é parcialmente resultado do fato de que estamos crescendo 2,3% ou 2,5% na região" e "não estamos gerando os empregos mais modernos para toda essa gente", explicou Maloney à AFP.
Ao contrário, a região pode se gabar de fazer um "bom manejo da inflação", um reflexo de décadas de reformas macroeconômicas. A inflação regional, exceto na Argentina e na Venezuela, está em 3,5%, frente a 5,7% nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).