pressão arterial

Como medir a pressão em casa do jeito certo?

Novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia apontam que a avaliação em domicílio é importante para o diagnóstico de hipertensão arterial

Serviços de saúde - Freepik/Reprodução

Nesta sexta-feira (12), a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou novas diretrizes que alteram as regras para a avaliação da pressão durante o diagnóstico e o acompanhamento de pacientes com hipertensão arterial (HA).

A principal mudança é que o diagnóstico definitivo da HA, também chamada de pressão alta, não deve mais considerar apenas os resultados medidos pelo médico no consultório. A entidade passa a orientar a avaliação também em casa pelo paciente, com o uso de aparelhos.

"Classicamente, o diagnóstico é feito apenas a partir de medidas dentro do consultório. Mas elas são falhas porque alguns fatores como estresse, ansiedade, podem influenciar a pressão e aumentá-la pontualmente naquele mom" — diz o cardiologista Audes Feitosa, coordenador-geral das novas diretrizes e ex-presidente do Departamento de Hipertensão Arterial da SBC.

No entanto, não é qualquer medida feita em casa que pode auxiliar no diagnóstico, as diretrizes orientam o uso de dispositivos que sigam as técnicas de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) ou de Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA).

"O MAPA é um equipamento que se coloca na cintura e ele monitora a pressão de 20 em 20 min durante 24 horas. A MRPA é um aparelho que o paciente leva para casa e mede de manhã e à noite, sempre em repouso, durante cinco dias. O MAPA é padrão-ouro para o diagnóstico inicial da HA, mas o MRPA é mais prático, então é mais recomendado para o acompanhamento de pacientes" explica Feitosa.

Segundo o cardiologista, os aparelhos podem ser encontrados em farmácias e custam, geralmente, de R$ 100 a R$ 200. Ele recomenda que a preferência seja pelos modelos que medem a pressão pelo braço, e não pelo punho.

De forma mais detalhada, as novas diretrizes dão orientações em relação à cada método de medida da pressão:

MRPA
Na técnica do MRPA, o aparelho é colocado no braço, e não no punho, para que ele faça a medida da pressão duas vezes ao dia, uma pela manhã e outra à noite, durante um período de em média cinco dias -- que vai variar a depender da orientação do médico.

Para realizar a avaliação, o documento recomenda que o paciente enrole o manguito ao redor do braço, de acordo com as instruções do equipamento, e que utilize sempre o mesmo braço para realizar as medidas durante todo o exame. "O braço escolhido será o de maior PA (na medida feita) no consultório", diz.

Mapa
O Mapa é um método em que a pressão arterial é medida em domicílio, mas ele é orientado pelo médico, ou seja, precisa de uma consulta para a colocação do equipamento. O dispositivo fica na cintura que monitora a pressão de 20 em 20 min durante 24 horas.

De modo geral, as diretrizes da SBC afirmam que, para o agendamento do exame, o paciente deve realizá-lo em dia representativo das atividades habituais; a vestir camisa de manga larga ou sem manga para não limitar o movimento dos braços e interferir na instalação do manguito; a evitar o uso de vestido; a levar lista de medicamentos em uso com doses e horários da prescrição; a tomar banho antes de colocar o equipamento e a levar cinto para facilitar a colocação do monitor na cintura.

Durante o dia, ele não poderá tomar banho e realizar atividades físicas. Nos momentos em que a pressão é medida, o braço deve deve ficar imóvel e relaxado ao longo do corpo. O paciente não deve se deitar sobre o braço que está com o manguito, desconectar o manguito do monitor ou trocá-lo de braço e não expor o aparelho a água, gelo, excesso de poeira ou calor.

É orientado ainda que o paciente mantenha um diário de atividades durante do dia. As anotações são "para que seja possível correlacionar as atividades, os sintomas e o uso de medicamentos durante o período de exame", diz o documento.

Quando é pressão alta e qual a importância das medidas em farmácias e eventos?

Em relação aos números que vão determinar o que é um quadro de hipertensão arterial, as diretrizes não mudaram as regras. São elas:

O documento aborda ainda o papel da avaliação em farmácias, eventos públicos e outros monitoramentos fora do consultório. Segundo Feitosa, essas medições não são capazes de definir um quadro de hipertensão, mas podem atuar acendendo o alerta para que o paciente busque a orientação médica.

"Essa medição em farmácias, eventos públicos, é importante para triagem. Não vão dar o diagnóstico nem dizer que está controlado para pacientes com a doença. Mas, se a pressão estiver alta, é importante buscar um serviço de saúde. É importante porque a hipertensão é assintomática. Então a melhor maneira de realizar o diagnóstico é medir aleatoriamente, pelo menos uma vez ao ano" diz.