Pimenta atribui críticas de Lira a Padilha a 'desencontro de palavras' e minimiza crise
Ministro de Lula botou panos quentes no conflito e disse que "na segunda-feira já está tudo bem"
O ministro Paulo Pimenta, chefe da comunicação do governo, minimizou nesta sexta-feira (12) a crise entre a articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso e chamou de “desencontro de palavras” as críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Nesta quinta-feira (11), Lira disse que Padilha é um “desafeto pessoal” e “incompetente”. Os dois estão com relações cortadas desde o fim do ano passado.
Em entrevista à CNN Brasil nesta sexta-feira, Pimenta colocou panos quentes no conflito, e disse que as críticas não comprometem a relação com o Congresso.
"Nossa relação com o Congresso é muito positiva, todos os temas relevantes e importantes para o governo foram aprovados (...) sinceramente, gente, eu acho que é muito mais um momento de desencontro de palavras do que propriamente uma situação que vai comprometer essa relação. Na minha opinião, no decorrer do dia de hoje, mais tardar aí, na segunda-feira já está tudo bem" disse o ministro.
Pimenta também tratou de elogiar o papel de Padilha na articulação da aprovação de projetos do governo no Congresso.
"Aprovamos a PEC da transição antes da posse, reestruturação, aprovação da reforma tributária, coordenada pelo Haddad, mas com uma grande participação do Padilha" destacou.
Padilha responde
Na manhã desta sexta, o ministro de Relações Institucionais rebateu as falas de Lira e declarou que não vai "descer ao nível" do deputado
"Sinceramente, não vou descer a esse nível. Sou filho de uma alagoana arretada que sempre disse que, se um não quer, dois não brigam" afirmou Padilha nesta sexta-feira, antes do evento Líderes em Energia, no Rio.
Padilha ainda citou o trecho de uma música do rapper Emicida para dizer que não guardar rancor do deputado.
"Quero repetir esse sucesso, não tenho nenhum tipo de rancor. A periferia de São Paulo produziu uma grande figura, o Emicida, que diz: 'Mano, o rancor é igual tumor: envenena a raiz, quando a plateia só deseja ser feliz'. Sei que os deputados querem ser feliz e manter os bons resultados para o país" apontou.
Críticas de Lira
O presidente da Câmara acumula conflitos e tem relação rompida com o ministro de Lula, que é responsável pela articulação política do governo. Nesta quinta, Lira fez críticas à Padilha enquanto respondia sobre a votação de quarta no plenário da Casa, que manteve preso o deputado Chiquinho Brazão, apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Lira diz que informações sobre uma suposta interferência dele, junto a deputados, a favor da soltura de Brazão partiram de Padilha. Ele negou as suposições e afirmou que os parlamentares tiveram liberdade para votar conforme as suas vontades. O presidente da Câmara também argumentou que o resultado não representa um enfraquecimento de sua posição no comando da Câmara.
"Essa notícia foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, um incompetente. Não existe partidarização. Eu deixei bem claro que ontem a votação foi de cunho individual, cada deputado responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver" disse.